Feliz ano novo

Luiz Lauschner Escritor e empresário

São os votos feitos na hora certa neste país onde o ano começa após o Carnaval. No período que transcorre entre o dia primeiro de janeiro até o Carnaval nada é definitivo e tudo é postergado. As pessoas que decidem estão de férias ou impotentes porque seus auxiliares estão. O período da festa momesca é o ápice do Dulce Far Niente, a não ser que você considere como trabalho os folguedos carnavalescos ou esteja envolvido na organização deles. Sim, folia também é trabalho para muitos. O Carnaval preocupa, mesmo que seja apenas a preocupação de vê-lo chegar ao fim para que o Brasil possa funcionar.


O povo brasileiro, antes e durante as festas, fica desligado da realidade produtiva. O governo aproveita-se disso para mexer numa alíquota aqui, outra ali, sempre com a finalidade de surrupiar mais algum do bolso já tão exaurido do “contribuinte” tupiniquim. Os legisladores aproveitam o desfoque da mídia para aumentar seus próprios ganhos, numa celeridade ausente em outras ocasiões. Ainda não falamos das taxas dos serviços públicos, principalmente energia, água e telefone que chegam à quaresma mais caros.

Está longe de nós criticar a explosão de alegria que parece nivelar, pelo menos temporariamente, a todo o povo; Longe de nós ignorar o efeito sobre o turismo que o Carnaval exerce; Longe de nós impedir a diversão das pessoas. Também não fazemos parte daqueles que veem no Carnaval uma deturpação da brincadeira sadia, distanciando-o de outras formas de lazer. Nem nos juntaremos aos que condenam a festa por motivos religiosos. Nunca nos esqueçamos que os três dias de folguedos foram instituídos pela Igreja Católica para extravasar e depois manter o período da Quaresma suficientemente triste para as pessoas sentissem com antecedência o sofrimento de Jesus na cruz. Nos quarenta dias que vão da quarta feira de cinzas até o sábado de aleluia não eram permitidas demonstrações de alegria, como bailes, nem mesmo eram realizados casamentos. É provável que, quando a Igreja Católica impunha os feriados, o período produtivo só começasse após a Páscoa.

Nossa reflexão vai em outro rumo. O falado recesso do Legislativo e do Judiciário que, na prática, só termina após o Carnaval, precisaria realmente existir por um período tão longo? A maioria dos setores da indústria, comércio, agricultura e serviços não pode fazer isso. Lá há um revezamento que não é copiado pelo governo. As pessoas teimam em não aprender com a natureza que jamais para. O homem é um ser natural, por isso precisa alimentar-se também no período ocioso. Isso faz com que as contas não deixam de chegar, mesmo quando a renda está de férias.

É provável que nosso comentário não provoque nenhuma mudança, até porque já nos acostumamos ao “é assim mesmo”, mas, passada a ressaca, é hora de arregaçar as mangas e voltar à ativa. As férias existem para que o trabalho possa ser encarado com alegria no término delas.

Nossa esperança é de que o ano de 2016 seja mais proveitoso que o que passou. Por isso, nem um pouco atrasados, desejamos um FELIZ ANO NOVO.

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