Fundador do Wikileaks continua impedido de sair da Embaixada equatoriana, no Reino Unido

Julian Assange, principal porta-voz do portal Wikileaks.
Julian Assange, principal porta-voz do portal Wikileaks.
Julian Assange, principal porta-voz do portal Wikileaks.

Há dois anos refugiado na embaixada equatoriana no Reino Unido, o caso de Julian Assange, principal porta-voz do portal Wikileaks, continua incerto. Assange pediu asilo político ao Equador a fim de escapar da extradição para a Suécia, onde é acusado, de forma controversa, por estupro e agressão sexual enquanto estava no país para uma série de palestras depois que o Partido Pirata sueco aceitou acolher servidores do Wikileaks, diante da perseguição pelas autoridades dos Estados Unidos.


Mesmo com o pedido de asilo concedido, as autoridades britânicas ainda se negam a permitir que o jornalista saia do país com destino ao Equador, confrontando, de forma clara, as normas internacionais de direitos humanos. Em uma entrevista concedida à imprensa nesta quinta-feira, 19 de junho, data que marcou os dois anos de permanência de Assange na embaixada equatoriana, Rafael Correa, presidente do Equador, reiterou que a decisão britânica é um atentado contra os direitos humanos. “Estão atentando contra os direitos humanos de uma pessoa. Ele (Assange) vive fechado em pequenos quartos e, talvez, só receba a luz do sol durante meia hora por dia em uma varanda”.

O ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, relatou que a concessão do pedido de asilo político se deu após ser constatado em investigações que “havia claros indícios de perseguição política motivada por suas atividades como jornalista. O que estamos fazendo não é uma opção nossa, mas sim um dever, pois há diversas leis internacionais que garantem o direito de asilo político, como a Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático, de 1954, e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, de 1967”.

Para Correa, a justiça britânica está brincando com os direitos de Assange, pois o jornalista não foi acusado, é apenas suspeito de praticar crimes sexuais, segundo as leis suecas. Seu interrogatório pode ser realizado via videoconferência ou até mesmo de forma presencial, dentro das instalações da embaixada equatoriana no Reino Unido, contudo os suecos querem que Assange seja extraditado e os britânicos estão dispostos a fazer isso. “Há certa prepotência imperialista aqui, imagine se a situação fosse o contrário e se nós não déssemos salvo-conduto para um asilado em uma missão europeia em Quito, tudo o que estariam dizendo os meios internacionais, todas as denúncias à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), à Corte Internacional, etc.”, destacou o presidente.

Assange revelou, durante a entrevista coletiva, que, para ele, sua extradição para a Suécia é apenas o primeiro passo para que ele seja levado às autoridades estadunidenses, que o acusam de ter revelado, ainda em 2010, documentos que comprovam o envolvimento do Governo dos EUA e de seus soldados em casos de violações dos direitos humanos nas guerras do Afeganistão e do Iraque.

“A minha situação e da minha família é muito difícil. Eu não vejo meus filhos há quatro anos e, por conta de perseguições, eles e outras pessoas próximas a mim, incluindo minha mãe, mudaram de nome e de endereço.”, desabafou durante a entrevista.

Gastos e possível invasão

Durante a entrevista, Assange revelou que “há um plano, e temos provas disso, do governo britânico de entrar na Embaixada à força para me prender. Minha presença aqui está custando caro, o Reino Unido gasta, por dia, 11 mil euros com toda a vigilância, que é 24 horas por dia.”.

“Eu estou muito agradecido pela ajuda que tenho recebido do Equador, seu povo deve se sentir orgulhoso de seu governo, que, mesmo após tanta pressão de países poderosos, não cedeu em garantir os direitos humanos e de liberdade de informação.”, disse.

No fim da entrevista, o ministro Patiño fez um apelo aos meios de comunicação, em especial aos jornais El País, Le Monde, The Guardian, Der Spiegel e The New York Times, que, segundo ele, utilizaram as publicações do Wikileaks, o que lhes proporcionou retorno financeiro. “Refiro-me ao silêncio do qual estamos sendo testemunhas por parte da comunidade de jornalistas, salvo honrosas exceções. Os senhores jornalistas, que reivindicam, com razão, a função social do jornalismo. Os senhores estão presenciando uma violação do direito de liberdade de informação, e se isso não for divulgado ou alertado, pode acabar afetando todos vocês em um futuro próximo. Não divulgar o que acontece é trair seus colegas, que um dia já sofreram com tal repressão e que, em alguns casos, pagaram até com suas vidas”, afirmou.

(Adital, com informações da Agência Andes)

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