Há o que comemorar? – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Sinceramente, eu ainda não sei o que vamos comemorar na segunda feira dia 08 de janeiro, fazendo um ano da tentativa de golpe. O processo ainda continua, o Brasil está dividido, o bolsonarismo que tanto mal fez para a nação, continua infelizmente, e há o que comemorar?


O pior que pode acontecer a um povo é não acreditar em suas instituições e não as respeitar. Grandes revoluções só ocorrem se os valores dos governantes se encontram em assintonia com as esperanças dos seus cidadãos. Movimentos libertários resultam da luta pela conquista de princípios vilipendiados pelos representantes do poder. Por isso, a relevância do momento histórico vivido, hoje, no Brasil. Assistimos à confissão de militares, de empresários, militares ainda na ativa, agentes políticos e expressivas autoridades da República, de violações das legislações, tributária e penal, sem constrangimentos, sem pudor, sem medo de punição e com total descrédito à apreciação judicial dos fatos revelados.

Que não se engane a nação: não há heróis depondo no plenário do STF e do STM, nem a secretária que denunciou o patrão, mas quis posar nua em revista; nem o patrão, que denuncia o esquema do partido político, e quer posar de empresário generoso; nem a esposa do patrão, que tem polpuda mesada e lamenta da vida; nem o deputado que renunciou e confia voltar à imunidade pelo voto dos eleitores incautos. Os personagens dessa novela tragicômica, dessa ópera bufa, dessa comédia burlesca, são apenas bandidos canastrões, desempenhando papéis decorados em filmes de quinta categoria, dirigidos por advogados competentes e bem pagos, e que têm a certeza da impunidade dos estúdios, as instituições do Brasil. Os responsáveis pelas CPIs e o Ministério Público têm que submeter à Justiça provas irrefutáveis de que o dinheiro tido como de empréstimo do empresário caridoso é dinheiro público, sim, remetido para paraísos fiscais, oriundo de transações fraudulentas, licitações mascaradas, contratos superfaturados, negociatas de empresas estatais, compra e venda de políticos inescrupulosos. Não se trata, como arquitetado juridicamente, de mero crime, decorrente de ideologias de direita, com penas mais brandas.

Os atores decadentes desse holocausto desonroso para o País têm que perder os bens constantes em seus nomes e nos das suas mulheres; têm que perder, sobretudo, a liberdade de ir e vir. Com outro final, os bandidos serão vitoriosos e as instituições desacreditadas. Mas ainda espero segunda feira, para saber se vamos comemorar, não ter sido dado o golpe, ou se apenas vamos lembrar que se não fosse as instituições, estaríamos ainda lamentando a permanência da inépcia, e não venham me dizer que os militares foram contra, na minha opinião, eles foram em sua grande maioria nos quarteis, omissos, em deixarem fazer picnic em frente aos seus comandos.

Artigo anteriorMini gênio amazonense terá vaga garantida pela Justiça em Universidade
Próximo artigoJovem cria camisa do Corinthians que fica entre as 10 mais bonitas do mundo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui