Indígenas independentes rejeitam tutela de ONGs – por Osíris Silva

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

Segundo novo estudo publicado em julho de 2018 pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, o Brasil fechou o ano de 2017 com 820 mil ONGs existentes – ou organizações da sociedade civil, o nome formalmente utilizado.


Esse número representa um crescimento considerável do último número então disponível, de cerca de 400 organizações.

Das 820 mil, 709 mil (86%) são associações civis sem fins lucrativos, 99 mil (12%) são organizações religiosas e 12 mil (2%) são fundações privadas.

A presença regional das organizações segue a distribuição da população: a região Sudeste tem 40% das organizações, seguida por Nordeste (25%), Sul (19%), Centro-Oeste (8%) e a região Norte (8%).

ONGs da Amazônia

Segundo estudos do biólogo e ecólogo Diego Oliveira Brandão, publicado no Portal Amazônia Socioambiental a região Norte do Brasil é a que menos concentra organizações da sociedade civil sem fins lucrativos com atividades diretamente relacionadas com o meio ambiente.

Segundo o IBGE menos de 1% das 291 mil ONGs brasileiras estão categorizadas como de meio ambiente e somente 120 ONGs das 2.242 com essa classificação estão localizadas na região Norte do país.

Com atuação em meio ambiente as ONGs defendem diferentes causas na Amazônia. O leitor poderá observar que algumas possuem um perfil técnico e se dedicam a pesquisas, metodologias e estudos ambientais, semelhantes as empresas de consultoria e órgãos governamentais de pesquisa.

Algumas, por outro lado, desempenham missão social que especifica exatamente para quem e onde dedicam seus esforços, por exemplo:
“…mulheres e jovens do município de Silves – AM”
…as populações extrativistas e os agricultores familiares da Amazônia…”
“…comunidades moradoras e usuárias das unidades de conservação no Estado do Amazonas”

Listagem de algumas das mais importantes ONGs em operação na região e que tratam diretamente com o meio ambiente amazônico, pode ser acessada por meio do link: https://amazoniasocioambiental.com.br/20…/…/ongs-da-amazonia.

Rejeição indígena à tutela de ONGs ambientalistas

Sobre a ação de ONGs junto a tribos indígenas amazonenses, supostamente com o fim de protegê-las, o líder indígena Lucas Tukano, que tomou parte na audiência pública realizada, sob os auspício do senador Plínio Valério, na Assembleia Legislativa do Amazonas nesta quinta-feira, 28 de novembro, foi taxativo: “não queremos mais continuar como moeda de troca de ONGs; ao contrário, queremos ser protagonistas, parceiros do governo meio a meio na exploração de reservas minerais em nossas terras, sempre em benefício do meu povo”.

Temos que nos organizar em cooperativas, prosseguiu o lder Tukano, “precisamos nos livrar das ONGs que apenas nos exploram e nos escravizam”.

Para Lucas Tukano “acima de tudo está a vida humana, que tem de ser valorizada e preservada, pois o homem é o centro do universo, não a floresta e seus recursos biodiversos”. Daí a urgente necessidade do estabelecimento de políticas públicas capazes de conciliar o desenvolvimento social e econômico com preservação ambiental.

Manaus, 1 de dezembro de 2019.

Artigo anteriorPicles de vitória-régia podem virar opção de fonte de renda para ribeirinhos
Próximo artigoTrês zonas de Manaus ficarão sem abastecimento de água nesta terça (3)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui