Indivíduo irrelevante – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Desde que este mundo é mundo, que vivemos um cotidiano dos contrastes. É o mundo do silêncio e do som, da luz e da escuridão, do bonito e do feio, da fartura e da escassez, do sim e do não. O mundo das alegrias e das tristezas. Em uma sociedade de fast things, onde o que importa é a praticidade e os resultados, as coisas têm que acontecer de qualquer maneira; sendo irrelevante o indivíduo; com suas carências, frustrações, derrotas, castelos desmantelados, angústias, tristezas, vitórias, sonhos, alegrias…


A sociedade cobra resultados, o indivíduo tem que vencer, tem Desde que parecer. O indivíduo tem que ter. Com todo este redemoinho, ao longo da rodovida, muitas coisas vão ficando no acostamento, e assim, são deixadas para trás. Em nossos dias, vivenciamos uma triste e perigosa banalização dos sentimentos, mesmo com essa pandemia. As relações são efêmeras, voláteis. Todo mundo sorri, canta, pula, bebe, festeja. As pessoas parecem ser alegres. Fundamentam sua alegria em algumas poucas horas de divertimento, em posição social, em bens materiais, em conta bancária e futilidades.

Alegria alicerçada em gesso, deste modo, sob a menor pressão, finda em completo desmoronamento e em uma profunda tristeza. Alegria é definida no Aurélio como “qualidade ou estado de quem tem prazer de viver.” Então, a questão a ser respondida é: em que está fundamentado o meu prazer de viver? Em que está fundamentada a minha alegria? No novo emprego que arranjei? No carro bonito que enfim pude adquirir? No apartamento mais amplo que tanto lutei para comprar? Na casa de praia ou de campo?

Em ter conseguido enfim, fazer parte da “high society”? Em uma conta bancária, fruto de anos de juntar, juntar e juntar? Em puder beber todas no final de semana com aqueles amigos de copo e de sempre? Fala-se que ao invés de Produto Interno Bruto (PIB), uma nação que se preze deveria estar preocupada com a Felicidade Interna Bruta (FIB). Este índice mede “portanto, a quantidade diária de sorrisos…” que as pessoas conseguem cometer.

Vivenciamos pessoas que sobrevivem na futilidade. Indivíduo inconsistente, sem profundidade. Quando aqueles momentos pseudo-felizes’ Mas com essa pandemia, escorrerem entre os dedos do tempo, ouvir-se-á bater à porta do coração a angústia, a tristeza, o vazio, a alma combalida e até a depressão.

E os sintomas apareceram com o passar do tempo, uma indescritível sensação do não construído, do equívoco vivido. Deste modo, assistimos a uma sociedade doente, manca, apodrecida; marcada por perspectivas obscuras e valores inconsistentes.

Despojados do que temos, livramo-nos de sentimentos fúteis que em nada contribuem para nosso processo de crescimento como ser humano e como cidadão. Como disse a poeta “Se soubesse compor uma ode, seria à alegria, pois ela tem um dom maravilhoso que é o de multiplicar-se ao ser dividida”.

“O direito a uma morte digna não pode significar o direito de dispor total e absolutamente da vida humana, até porque esse arbítrio contribuiria para difundir na sociedade uma cultura da morte”. Assim, a ação ou a omissão com que se entrega a morte um ser humano inocente, com o objetivo de eliminar o sofrimento será sempre, até certo ponto, inaceitável.

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