Ladrões do erário – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

O Rio de Janeiro parece ter uma praga jogada pelos antigos desbravadores portugueses, em termos de ter gestores ladrões do erário. Em quatro anos, todos os cinco governadores que foram eleitos e estão vivos já foram presos – Moreira Franco, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão, Rosinha Garotinho e Anthony Garotinho, sobre esses dois o Rio sofreu muito, Garotinho é um populista, um homem de visão limitada.


Em 7 anos e 3 meses (contando com o governo da Rosinha) construiu só 2 estações de metrô. O emissário da Barra ficou se estragando. Nada fez na educação, nada fez na área da saúde, acha que governar é dar “vale cesta básica”. Todos respondem em liberdade, exceto Cabral — o único que admite os crimes. Eis que o povo carioca entre a escolher um jogador de futebol senador, como Romário, que também não tinha capacidade de gestão nenhuma, mas talvez não fosse roubar, escolhe o novo, um juiz federal que vinha com seu discurso contra a corrupção e baseado em sua vida que agora sabemos que também como juiz era ladrão.

Lembro do beijo da senhora Helena Witzel em seu marido ao fim da cerimônia de sua posse como governador do Rio de Janeiro, lembra um daqueles ósculos entre mafiosos que tanto podem significar apreço e boa sorte quanto podem representar uma forma carinhosa de dar adeus a um condenado. Há muito me dei conta de que a maioria dos candidatos a cargos eletivos no Brasil não tem inteira consciência das dimensões da tarefa que faz tanta questão de assumir. Quando Witzel disputava com afinco a eleição para o governo fluminense e liderava as pesquisas, muitas vezes me perguntei se ela, aparentemente honesta em seus objetivos, avaliara com realismo o tamanho do desafio que propunha a si mesma. E o mesmo tipo de consideração fazia a propósito do candidato a presidente da República Jair Bolsona, que me parecia despreparado para governar o país.

A nomeação dele para aquele que deve ser o cargo público mais complicado e espinhoso do Brasil atual confirma minhas suspeitas tanto sobre um quanto sobre outro: nem o governador Witzel alcançara em sua trágica profundidade toda a extensão da criminalidade fluminense, nem o Presidente Bolsonaro teria condições de bem governar uma nação das dimensões e da complexidade do Brasil ainda mais que se confirmam quando se dispõe a enfrentar o maior núcleo do crime organizado do país, do que agora já se sabe ele faia parte como líder de uma quadrilha. Em resumo, tanto o meteórico Witzel e sua esposa, tem suas ambições eleitorais comprometidas por um extenso período.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Os primeiros pronunciamentos de Witzel após sua eleição para o cargo, feitos em tom de bravata, não foram dos mais estimulantes. Combatida num quadro de vigência democrática, a criminalidade brasileira, acima de tudo aquela que se arraigou nos guetos miseráveis de Rio e São Paulo, só cederá mediante iniciativas conjuntas e intensivas que reduzam a miséria e o desemprego e melhorem os padrões de educação do povo. É preciso gerar com urgência ocupação para as parcelas das novas gerações que perambulam entre o vazio e o nada, sem saber o que fazer da vida. Tornar a atividade policial e prisional mais eficiente é importante, mas não reduzirá de maneira permanente a violência que se alimenta da falta de perspectiva e de esperança.

A raiz de onde emergiram vícios hodiernos como clientelismo, nepotismo, corrupção (que parte da confusão entre público e privado), espírito orçamentívoro (que considera o Tesouro da Nação butim a ser distribuído entre amigos e apaniguados).

A atualidade do diagnóstico feito sobre os nossos vícios sociais indica-nos que a estrutura patrimonial do Estado ainda está para ser superada. Falo do Rio mas em outras capitais, o chefe do Poder Executivo aproveitou a folga na compra de medicamentos para a pandemia sem licitação pelo estado de emergência, e surrupiou para não falar roubou, dinheiro que serviria para salvar muitas das vidas que se foram. Homicidas impulsivos que têm seus enótipos comportamentais estudados pela ciência forense.

 

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