‘Laudato Si’, o Evangelho verde (Por George Dantas – Atualizada)

Ambientalista George Dantas(AM)

Semana que passou, o Papa Francisco publicou a encíclica “Laudato Si” que quer dizer “Louvado Seja” onde o Santo Padre conclama as pessoas de todo o mundo sobre o cuidado da casa comum. (nosso planeta Terra).
Numa publicação de 192 páginas onde exorta o cuidado com o meio ambiente comum e a atenção com os mais pobres é possível encontrar verdadeiros pensamentos que mostram a opressão dos mais ricos sobre os mais pobres e o consumismo exagerado que explora todos os recursos naturais sem os devidos cuidados com a regeneração e exaustão dos recursos onde o Planeta Terra é visto, sob os olhos de Sua Santidade, como um ser “doente” cujos sintomas dessa doença se expressam nas agressões ao solo, à água, ao ar e nos seres vivos.


A Incíclica Papal
A Encíclica Papal

Essa não é a primeira vez que a igreja se manifesta em temas ligados ao meio ambiente, o Papa João Paulo II já advertia o ser humano que “não se dava conta dos outros significados do seu ambiente natural para além daqueles que sevem apenas para os fins de uso e consumo imediato”, onde o homem desconsiderava sua participação na ecologia humana do Planeta Terra. E já nessa época, pedia reflexão das pessoas para mudanças profundas no estilo de vida moderno que valoriza o consumismo. Ao mencionar as dificuldades estruturais da economia mundial, o Papa Bento XVI pedia para “corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito ao meio ambiente”.

Repetindo um mantra que caberia bem na voz de ambientalistas o Papa Francisco convida a humanidade para um dialogo aberto sobre o futuro do nosso planeta, que tipo de futuro queremos debater para que possamos encontrar um consenso que alivie a crise que afeta o meio ambiente e o sofrimento dos excluídos, em função da relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta.

Temas como poluição, perda de biodiversidade, mudanças climáticas, resíduos perigosos e a cultura do descarte não escapam da análise de “Louvado Sejas”, quantificando impactos e munido de dados de cientistas o Francisco declara que as mudanças climáticas se tornaram um problema com implicações globais, onde todos serão afetados de uma forma perigosa e a humanidade é chamada a participar da solução desse desafio.

A encíclica também chama atenção para a crise da água, que afeta todos os continentes e põe em risco a própria existência da humanidade, visto ser indispensável para sobrevivência ao mesmo tempo em que sustenta outros tipos de vida nos ambientes terrestres e aquáticos. Ecossistemas como Amazônia e Bacia do Congo são mencionados pela sua biodiversidade e pela reserva de água doce e merecem cuidados especiais e não se deve ignorar sua importância para o planeta considerando todas as formas de vida. Francisco destaca também que o esgotamento de alguns recursos naturais pode gerar um cenário de guerra entre povos.

A parcela de culpa do homem em relação à crise ambiental é destacada através do desenvolvimento insustentável a qualquer, desde a revolução industrial até nossos dias, gerando com isso, as mais diversas formas de poluição, esgotamento de recursos naturais e doenças modernas ligadas à tecnologia especialmente desde o fenômeno da globalização.

Num alento aos defensores das causas socioambientais, Francisco diz: “a cultura ecológica não pode se reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição, deve se ter um olhar diferente, um pensamento, uma politica, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que se oponham ao avanço do paradigma tecnocrático”. Isso é dito num contexto de falta de preocupação em medir os danos a natureza e os impactos ambientais.

Em 1987, foi publicado o documento “Our Common Future” (Nosso futuro comum), que depois ficou conhecido como ”Relatório Brundtland” que buscava definir desenvolvimento sustentável e conceituava que seria um processo “que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Hoje comparo um segundo momento daquela preocupação ambiental em seus momentos iniciais surgido das câmaras temáticas e sob a égide da ONU-Organização das Nações Unidas e agora, um importante documento, surgido a partir de uma instituição secular, a Igreja Católica, mas que poderia muito bem ser assinadas por instituições de pesquisa, organizações não governamentais, governos progressistas ou mesmo academias de ciências.

O principio do bem comum está diretamente relacionado com a ecologia humana e as garantias dos direitos futuros onde gerações seguintes devem ter assegurados acesso aos recursos naturais em sua plenitude.

A mudança do paradigma industrial, baseado em combustíveis fosseis (altamente poluente) é urgente e mandatório para o futuro do planeta, o caminho da economia de baixo carbono é irreversível, deve ser perseguida e desenvolvida a partir de energias renováveis e outras fontes alternativas para indústria e automóveis.

A chave do futuro está na educação com responsabilidade ambiental de governos e sociedade, incentivando e disseminando boas práticas ambientais de cuidado com nossa Mãe Terra, através de ações de reduzir consumo de plástico, de papel, separar lixo domestico para reciclagem, plantar árvores e proteger seres mais fracos e seus ecossistemas.

Finalizando, mecanismos de governança global, como o que deve substituir o “Protocolo de Kyoto” precisam ser consensados e validados por todas as nações, cabendo o percentual de esforço e pagamento para os que poluíram mais e dando a chance para países mais pobres de também se desenvolverem.

Tudo está ligado, tudo está conectado, tudo está relacionado, tudo isso é obra do Senhor Nosso Deus.(George Dantas – Ambientalista)

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