“Loucos” pelo poder – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

Eles são “loucos” pelo poder. Imagens postadas nas redes sociais de políticos tocando violão numa igreja, beijando velhinhos com lábios amorosos, comendo tapioquinha em casas de pessoas pobres, degustando farofa de ovo num bairro da periferia, usando ônibus na Zona Leste, cantando o hino nacional, descascando tucumã numa feirinha, carregando criança no colo, sobrevoando áreas queimadas e fazendo visitas solidárias debaixo de chuvas, demonstram a frenética corrida pelo poder, no período em que antecede as eleições.


Embora seja um pleito novo, as movimentações já reproduzem velhos hábitos nas relações de poder. Pesquisas de opinião são divulgadas com nomes diversos, com números agradáveis e ao sabor dos grupos políticos interessados nos resultados para “vender” ao público ou promover acordos. Alguns nomes são lançados para reforçar imagens, negociar espaço e, outros, apenas por vaidade pessoal e sem nenhum preparo intelectual para enfrentar os problemas de Manaus.

Os atuais governantes agem como potentes cabos eleitorais e continuam prometendo: transparência total do dinheiro público, transporte coletivo digno, segurança eficiente, salários decentes aos profissionais da educação e saúde, trânsito seguro, ruas e avenidas asfaltadas, um meio ambiente saudável e programa de saúde moderno. Usam ainda o discurso do novo na política ou o discurso da experiência administrativa.

As buscas de coligações partidárias estão a todo vapor, mesmo sem nenhum compromisso com ideologia. É o poder pelo poder e, os negócios também, sãos as únicas referências, num País em que a maioria dos partidos é controlada por grupos familiares ou por pequenos grupos de comerciantes interessados no controle do Poder Estatal e nas verbas do fundo partidário e de campanha eleitoral.

Carlos Santiagos é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

Os capitalistas da comunicação já estão escolhendo um dos lados. Não importa a proposta de governança, nem os crimes de corrupção ou má gestão pública, a lógica das verbas governamentais para o setor tem forte apelo. Nem mesmo os blogs e portais de notícias online, na sua maioria, escapam dos velhos hábitos.

Já preparam até a tradicional “receita de bolo” do marketing político: apresentação do postulante como sendo um pai ou mãe de família exemplar, envolvido (a) em causas sociais e, preparado (a) para governar; na sequência, lançamento de propostas para resolver tudo. Agora teremos um administrador (a) comprometido (a) em resolver os problemas que infernizam a vida das pessoas; depois vem a comparação entre os postulantes ao cargo. Então, na televisão ou nos embates, o “chavão” sempre usado: o povo decide.

Essa corrida louca por votos e pelo poder torna os políticos iguais, tanto faz ser de Esquerda ou de Direita. A loucura não tem ideologia definida e nem distinção social. Se a morte funciona como nivelador natural de todos os homens, “a loucura passa também o seu nivelamento pelas distinções que inventamos”, conforme descreveu o genial escritor brasileiro Lima Barreto (1915).

É difícil mudar esses hábitos dos políticos e dos interesses comerciais no Poder Estatal. A velha forma de fazer política ainda age soberba, mas o povo pode ser um diferencial nas próximas eleições, bastando tão somente que ele vote sério, com consciência e pensando no interesse coletivo. Assim, a política pode enterrar as velhas práticas e efetivar a máxima do filósofo Heráclito: “tudo está em movimento e nada dura eternamente”.

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

 

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