Mães que não param: estudo, trabalho e maternidade no mesmo ritmo

Foto: Freepik

Com apoio e organização, mulheres mostram que é possível vencer os desafios da dupla jornada


Buscar uma carreira profissional enquanto se vive a maternidade é um desafio diário que exige equilíbrio, organização e, acima de tudo, determinação. Em 2022, só 56,6% das mulheres de 25 a 54 anos com filhos de até seis anos estavam empregadas, contra 89% dos homens na mesma condição. O dado, divulgado em 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidencia a desigualdade enfrentada por quem concilia maternidade e carreira.

É por isso que a estudante Edilayla Thammy da Silva Matos, 23 anos, decidiu investir na própria formação mesmo já trabalhando como operadora de produção em uma empresa da Zona Franca de Manaus. Grávida, ela encara essa nova fase com determinação. “Posso dizer que é um verdadeiro desafio. Tenho me sustentado com muita organização, determinação e o apoio do meu noivo, que é fundamental”, conta a jovem, aluna do curso técnico em Enfermagem no Centro de Ensino Técnico (Centec), uma das principais escolas do Amazonas a formar técnicos da saúde.

Mesmo com as exigências da gestação somadas ao trabalho e aos estudos, Edilayla se mantém motivada. “As responsabilidades se tornam dobradas. Como estou nas fases iniciais da gravidez, tem dias em que estou sem disposição, mas tenho apoio da turma e da coordenação, o que me motiva a continuar indo às aulas”, explica.

O papel da rede de apoio — seja de parceiros, familiares, colegas de turma e até professores — aparece como elemento essencial para que essas mulheres sigam com seus planos educacionais. É o suporte que permite dividir tarefas, acolher nos dias difíceis e manter o foco nas metas de longo prazo.

“Tudo o que eu tenho feito é para oferecer o melhor para a minha família que está crescendo. A gestação trouxe mais alegria, motivação, determinação e muita coragem”, resume Edilayla.

Motivação

No caso de Rilary Lorena da Silva Lobato, também de 23 anos, o nascimento da filha coincidiu com o momento de retomada dos estudos. Mesmo com uma bebê pequena em casa, ela não quis abrir mão de concluir o curso técnico em enfermagem.

“Eu já tinha começado o curso duas vezes e acabei desistindo. Quando descobri que estava grávida, sabia que tudo ia mudar e que o tempo seria escasso, mas prometi a mim mesma que dessa vez não iria desistir. Quero um futuro melhor para mim e para minha filha”, afirma.

A rotina dessas mães é puxada e exige adaptações diárias. Enquanto algumas atividades são feitas durante o sono do bebê, outras precisam ser encaixadas quando há alguém da família disponível para ajudar. “Tem dias que eu não consigo fazer absolutamente nada em casa, além de cuidar dela. É cansativo, mas gratificante. É tudo questão de adaptação”, diz Rilary.

Adaptação

As histórias de Edilayla e Rilary mostram que é possível conciliar o sonho da maternidade sem deixar de lado a formação profissional e o sonho por uma carreira. Isso, claro, quando há apoio de amigos, familiares e da escola. Para além das aulas presenciais, há ainda a possibilidade de obter um diploma de nível técnico sem sair de casa.

“As aulas à distância no Centec foram pensadas justamente para atender à demanda de alunos e alunas que gostariam de se qualificar profissionalmente, mas não conseguiam comparecer às aulas presenciais por terem rotinas intensas”, comenta a professora Viviane Araújo, tutora dos cursos EaD.

“No caso das mães, a flexibilidade de horários e a possibilidade de estudar de casa ajudam a driblar os desafios da rotina doméstica e dos cuidados com os filhos”, acrescenta.

Inspiradoras e reais, as trajetórias dessas mães mostram que, com foco, coragem e apoio, é possível transformar a maternidade em impulso para construir novos caminhos.

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