
Eu era bem menino, mas me lembro da minha primeira escola, verdadeiramente era um barracão coberto de palha,com uma mesa comprida ao centro rodeada de bancos e crianças.
Na cabeceira da mesa a professora, uma cartilha e uma régua de madeira bem grossa com um furo bem no centro, segundo os colegas aquele furo era para levarmos para casa a marca do castigo e nossa mãe descobrir as travessuras que havíamos cometido na escola.
O caminho que eu e meus irmãos, pegávamos para chegarmos há escola, era o caminho do paraíso, um lindo paraná, nosso meio de transporte era uma canoa, nossa merenda, mingau de banana feito por nossa mãe, a lancheira uma lata de achocolatado e assim íamos para a escola, remando e felizes.
O método da professora, não lembro, não sei se tinha medo dela ou respeito, não tínhamos livros, não tínhamos materiais pedagógicos, carteiras, lousa, fardamento, merenda, mas aprendíamos o B.A.B.A. A cartilha “ Caminho Suave” para nós era como um livro sagrado, decorar era preciso, a lição do dia, a tabuada, e se não decorássemos pagávamos o preço, a sabatina deixaria marcas em nossas pequeninas mãos. Mas nessas condições aprendi a ler e a escrever e ser um bom cidadão.

O tempo passou, novas escolas, novos professores, novos colegas e o método se configurava o mesmo eles sabiam tudo, nós alunos para eles éramos uma lampada sem luz, uma folha em branco, meros aprendizes. E assim, me tornei um professor.
A escola com piso de barro, com paredes e cobertura de palha se transformou em escolas modernas, construídas em alvenarias, com ar-condicionado, alunos com direito a livros didáticos, merenda escolar, professores qualificados, espaço para compartilhar suas idéias, acessos a tecnologia, que a um click chegam a qualquer parte do mundo,e as inúmeras informações e a uma nova concepção metodológica, a escola transformadora.
É dentro desta nova escola que trabalho como mediador do conhecimento. Nas minhas aulas o planejamento é essencial, materiais didáticos se não chegam, construo com a turma, uso a reciclagem, o reaproveitamento de materiais caixa de papelão, cabo de vassoura, garrafas PET, a “onda” é ser ecologicamente correto.
O espaço da sala de aula se transforma na extensão da casa do aluno, hora, cantinho da leitura,cantinho da matemática, sala de debate ou a quadra para pequenas atividades lúdicas.
Olho para meu tempo de estudante e sinto a falta da autoridade do professor… quando ela, “a professora” chegava dávamos bom dia, obedecíamos suas ordens, hoje em meio a tantas leis, a tantos canais de comunicação eu, professor, tenho que descer do “pedestal” e ser igual ou inferior para não ser processado, ofendido ou mal interpretado…mas tenho orgulho de ser professor, apesar da falta de conscientização de que a profissão, professor,é sagrada e essencial para as demais, tenho a consciência que devo continuar a formar novas gerações, construir pessoas livres de preconceitos, livres de para sonhar e ser empreendedor e num futuro bem próximo ouvir… obrigado professor.
Joilson Souza – Professor especialista em Educação e Pós graduando em Jornalismo