MPF denuncia advogados e chefões ligados à Família do Norte(FDN)

Armamento usado pela quadrilha/Foto: Reprodução

O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) denunciou à Justiça, cerca de 100 pessoas ligadas à organização criminosa autointitulada Família do Norte ou FDN, por crimes como tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Entre eles estão José Roberto Fernandes Barbosa, conhecido como “Zé Roberto”, Gelson Carnaúba, João Pinto Carioca, o “João Branco”, e outros membros da cúpula da FDN, alguns deles considerados “xerifes” na estrutura hierárquica da facção. Se somadas, as penas pedidas pelo MPF, para todos os réus nas ações penais, ultrapassam 3 mil anos de prisão.
Até o momento, foram ajuizadas 15 ações penais que pedem a condenação dos acusados pelos crimes de tráfico internacional de drogas, financiamento do tráfico, associação para o tráfico, organização criminosa, tráfico internacional de armas, crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e falsidade ideológica e material. Além dos chefes e xerifes da organização criminosa, as denúncias envolvem diversos ‘laranjas’, traficantes estrangeiros que atuam na tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru e forneciam drogas e armas à Família do Norte, seis advogados ligados ao grupo e até um vereador.


A investigação que embasou as denúncias, iniciou com o objetivo de desbaratar o tráfico internacional de drogas realizado pela chamada rota do Solimões e acabou por revelar a intimidade da Família do Norte, facção criminosa conhecida entre seus membros como FDN, que comanda o tráfico internacional de drogas no Estado do Amazonas quase com exclusividade. A apuração apontou a existência de estreita ligação com outras organizações criminosas, em especial o Comando Vermelho (CV) e outras radicadas no Nordeste (principalmente no Ceará) e no estado do Pará.

As denúncias do MPF/AM agrupam os réus por suas funções dentro do esquema criminoso, pelos tipos de crimes praticados e pela situação prisional de parte deles, já que os membros apontados como chefes da facção estão custodiados em presídios federais. De forma resumida, constatou-se que o grupo cooptava membros na região de fronteira para comprar de traficantes estrangeiros e transportar armas e grandes quantidades de material entorpecente para Manaus e distribuir para outras capitais.

Ainda conforme as apurações, para movimentar o dinheiro e ocultar a origem ilícita dos lucros provenientes da atividade criminosa, os chefes da FDN utilizavam contas de dezenas de ‘laranjas’, pessoas comuns ou empresários que recebiam os valores, sacavam em agências bancárias situadas em Tabatinga/AM e entregavam aos reais destinatários: os fornecedores de drogas residentes na Colômbia e/ou Peru. O volume de dinheiro envolvido era tamanho que, em uma única conta, foram movimentados mais de R$ 7 milhões no período investigado.

As 15 ações penais tramitam na 2ª Vara Federal do Amazonas. Outras denúncias relacionadas ao caso deverão ser apresentadas pelo MPF/AM ao longo deste ano.

Tribunal do Crime – A lista de crimes praticados pelo grupo, conforme ficou demonstrado pelas provas colhidas durante a investigação, também envolve corrupção e crimes violentos como homicídios e lesões corporais, se valendo do que as denúncias classificam como “verdadeiro tribunal do crime”, que decreta penas de morte a quem vá de encontro aos interesses da facção.

Em um das denúncias, o MPF ressalta que a “sensação de poder da facção é tão grande que suas lideranças chegam inclusive a discutir como infiltrar seus integrantes na política, cogitando a eleição de vereadores e prefeitos para o próximo pleito de 2016”.

A estrutura criminosa contava até mesmo com verdadeiro sistema de banco de dados de seus integrantes guardado em programa próprio, encontrado em um notebook apreendido com um detento do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).

...e o QG da FDN/Foto: Reprodução
                                                             …e o QG da FDN/Foto: Reprodução
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