O entretenimento é o triunfo do mal – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Quando posso, uma das coisas mais agradáveis que costumo fazer, fora de Manaus óbvio, porque mesmo que tenhamos o teatro mais lindo do Brasil, não conseguimos ver as peças de maior cartaz como no Rio de Janeiro e São Paulo, é ir ao teatro. Já assisti peças maravilhosas, com atores de primeira linha, como Juca de Oliveira, Antônio Fagundes, Bibi Ferreira, Tony Ramos e tantos outros, e tenho a convicção que é verdade que as novelas, os filmes, as minisséries e o próprio teatro apresentam histórias que têm toda semelhança com fatos acontecidos em nossa ou outras sociedades.


Nenhum grupo social vive apenas com alegrias e festas. Não poucas vezes, ocorrem os tsunamis na vida física e real assim como na imaginação, em consequência de atropelos e apelos do próprio viver. As encenações em seus diversos modos têm como motivo principal ocupar a mente dos espectadores, levando uma mensagem de vida. Mostram um acontecer assemelhado à vida real, em um drama fantasioso, que invade o espírito dos aficionados pela arte cênica, assim como do público em geral, transmitindo-lhes uma mensagem positiva.

Acontece, no entanto, que alguns autores por si próprios ou por conveniência de seus patrocinadores, exacerbam em um determinado viés de suas histórias, e dar tréguas a outras facetas tão verdadeiras no cotidiano. Assassinatos, perversidades, dissimulações, traições, trapaças, soberba e tudo o mais que se possa imaginar de ruim desfilam na paisagem do conto sem algum momento de alegria, bondade e sinceridade. Até o nascer, que significa renovar-se, é acompanhado de tristeza como se quisesse dizer “esse bem tem que ser acompanhado por um mal”! E lá se vão muitos capítulos só com o triunfo do mal.

Não quero por um pouco de açúcar na realidade social, estou afirmando que os bons momentos existem e devem ser muito mais cultuados do que os ruins! De repente, surge uma felicidade posta na personagem mais violentada da estória, porém essa personagem que encontrou a felicidade é a mais traída e perseguida durante todo o conto. Perseguida pelos que lhe querem bem e tentam desvendar os seus olhos para a visão real de sua pseudofelicidade. As drogas, a internet em suas facetas perniciosas e o caos desfilam junto às personagens como em busca da divulgação maior dos tormentos que afligem a maior parte de nossos grupos sociais. As paixões são carregadas de incertezas e traições como se quisessem afirmar que o todo está perdido.

As trapaças, as falsificações e as discórdias fazem cenário em um ambiente que não admite paz, harmonia, felicidade e alegrias duradouras. Morrem os atores do bem deixando um vazio nas necessidades de justiça dos que assistem diariamente a esse drama. Chega o ocaso da história e os vilões continuam vitoriosos, sempre difundindo a apologia ao mal sem fim. Onde estão as lições sociais? Não faz sentido, na última etapa do conto, vir à tona o triunfo do bem. E os que não tiveram a oportunidade desse desfecho? Nenhum respeito à contemplação do saudável acontece até então.

A repulsa da sociedade por contos exacerbados de derrotas deve transparecer mais cedo ou mais tarde. Que aqui fique o alerta àqueles que esquecem o verdadeiro papel do entretenimento e cospem na cara dos espectadores o nojo da sociedade impune! As paixões não são todas desastrosas, eis o caminho.

 

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