
Lembro-me como se fosse hoje. Em um dos debates para a eleição de 2014, lá estava aécio neves, diante de Dilma Rousseff.
Dedo em riste, lábios trêmulos, olhar em algum ponto perdido do horizonte, o canto da boca deixando escapar o risinho de deboche, encarou sua adversária, então presidenta da República legitimamente eleita, e chamou-a de leviana.

Senti-me agredido, como se alguém tivesse me dado uma porrada na boca do estômago. Pensei comigo, se dispensa esse tratamento publicamente à primeira mulher presidenta da República do país, ele é capaz de comportamentos e ações inimagináveis. Mas Aécio não parou por aí.
Lá pelas tantas, abriu a boca para dizer que o PT não era um partido político, mas uma quadrilha, numa odiosa e criminosa generalização que nem mesmo os políticos mais decadentes e desprezíveis têm coragem de fazer.
Passado o tempo, a História, sempre implacável, revela sem piedade que, de quadrilha e de leviandade, o mineirinho Aécio Neves sempre entendeu muito bem.
E pensar que mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras, ao seu modo bem intencionados e esperançosos, quase transformaram essa figura de triste memória em Presidente da República.
*Odenildo Sena é professor universitário e cronista