Fazia tempo, mas muito tempo mesmo, que não se via um colorido assim no céu de Florianópolis. “Eu pensei ‘não pode ser, esse bicho não existe mais aqui’, né?”, relembra um fotógrafo.
É verdade. O último relato de um bando de Guarás na região é de 1858, 161 anos atrás.
“Caça, coleta de ovos, destruição do habitat de manguezal, poluição dos manguezais, ou seja, um conjunto de fatores que levaram ao declínio das populações de Guará na região Sul e Sudeste do país”, explica o biólogo da UFSC, Guilherme Willrich.
Mas a ave de penas vermelhas – uma das mais belas do país – resistiu. Na década de 1990, o Guará voltou a povoar os manguezais de São Paulo. Chegou ao litoral paranaense nos anos 2000 e reocupou a baía da Babitonga, no Norte de Santa Catarina, a partir de 2010.
Agora, um bando com cerca de mil Guarás acaba de chegar à região de Florianópolis. E dá espetáculo, voando pra lá e pra cá sobre os manguezais da cidade. Os biólogos acompanham tudo de perto .
“Eles vieram atrás de novas áreas de alimentação e reprodução. A gente tá de olho em ninhais de outras espécies de aves do manguezal, a gente sabe que isso é um indicador pro Guará que é um lugar seguro pra reproduzir também”, diz o biólogo Fernando Farias.
A cor do Guará tem a ver com a dieta do bicho. Ele come, principalmente, caranguejos do mangue. E a casca de algumas espécies concentra um pigmento chamado Cantaxantina. É ele – que absorvido pelo organismo – dá às penas do Guará a cor vermelha .
E a plumagem fica ainda mais vistosa nesta época de acasalamento. O bando tem atraído um outro grupo numeroso: o de observadores de aves .
“Realmente é uma festa. Quando a gente chegou aqui e viu aquele mar rosa, ficou avermelhado ali, ficou muito legal”, diz o aposentado Manoel Slomski.
Os especialistas dizem que ainda é cedo pra saber se os Guarás voltaram pra ficar, pra fixar uma nova colônia e ter filhotes por ali.
“A gente tem uma certeza. Se a gente quiser ter o privilégio de continuar vendo o espetáculo dos Guarás por aqui, nós precisamos cuidar da saúde, da conservação dos nossos manguezais”, afirma biólogo Fernando Farias.
Fonte: G1
