Tefé, minha saudade! As festas religiosas II

Professora Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken


O NATAL é a festa que une todos os povos. Acontecimento central da História da Humanidade. Constitui um marco importante para a cronologia  ocidental: o nascimento de Jesus Cristo que assinala o primeiro ano da nossa história.

Natal (do latim natale) significa o dia do nascimento, o dia do aniversário de um nascimento, a festa do nascimento de Jesus Cristo.

O NATAL é uma data em que o sentido religioso está fundido a manifestações populares, expressas através da manutenção de antigas tradições folclóricas.

Durante as comemorações natalinas, podemos apreciar presépios, assistir  e participar de grupos de “Pastorinha”,  em homenagem ao nascimento de Jesus Cristo. Apresenta-se no dia de Natal, Ano Novo e festa dos Santos Reis. É uma tradição de bom sabor lusitano, que de  Portugal nos vieram com os primeiros colonizadores.

Os autos de Natal, realizados ainda em algumas regiões nordestinas, e os reisados, difundidos no Sudeste, fazem parte do conjunto sacroprofano, designando hoje como folclore brasileiro.

Além do culto às imagens que formam os presépios, a música ocupa um papel relevante nas festas natalinas, com ampla participação popular, através de cantos e danças. Lembramos aqui, da dança das pastorinhas, que durante muitos anos foram apresentadas com grande animação, muito brilho e arte.  Aqui em Manaus, até os anos 70, o Luso Esporte Clube apresentava encantadoras pastorinhas. Para nossa tristeza, nos dias de hoje, quase ou não se fala mais nas tão animadas brincadeiras.

No interior, aqui nos referimos a nossa cidade natal Tefé, tínhamos as animadas pastorinhas e pastoral, muito bem ensaiados pela irmã Adamir Bamberg, Franciscana Missionária de Maria e pelas tefeenses Santa Nogueira, Ormízia Ferreira, Luzia Nascimento, Santa Sabino e Lucila Alves Crisóstomo, na cidade; Fantilda Souza, Myrian Gonçalves de Souza, Carmélia Frazão, Francisca e Raimunda Barros, Alcinda, no inteior.

As pastorinhas recebiam vários nomes, de acordo com os personagens, músicas, ou sabedoria da própria organizadora. As mais conhecidas eram  as pérolas de ofir (com muito brilho) e as israelitas. Brincavam nos salões, tendo em destaque uma bonita lapinha (presépio).
 
As personagens principais: anjo, vestido de branco, estrela, vestida de  azul , a lua, vestida de cor-de-rosa. A pastora guia, geralmente com vestido branco, róseo ou bege (muito brilho), leva um cajado (da cor do vestido) na mão  esquerda e na mão direita um pandeiro todo enfeitado de fitas coloridas. Ela tem a responsabilidade de dirigir o cordão.  Outras pastoras pequenas sem nomes definidos formam o rebanho, em traje típico de pastora e  dividem-se em lado azul e lado vermelho, diferenciadas nas cores do lenço e avental. Esse grupo  tem a responsabilidade de cantar as chamadas das personagens, assim como as jornadas. Os principais figurantes ou personagens  são: Mestra,  Diana, Rosa, Camponesa, Florista, Galega, Pequenina, Baiana, Cigana (lado vermelho); Contra-Mestra, Saloia, Campina, Sefeira, Galego, Pastora Perdida, Baiano e Açucena (lado azul).

No pastoral, o cenário é mais colorido e entram  mais figurantes, entre os quais princesa, borboleta, samaritana e outros.
Os instrumentos musicais usados são: violino, violão, pandeiro, cavaquinho, bombo…

Vale ressaltar a rivalidade que havia entre os brincantes do lado azul e lado vermelho. Ouvia-se palmas, grande torcida e fogos, na ocasião da saudação de ambos os lados. Engraçado que essas cores sempre atraíram o público para grandes disputas, como se  vê em Parintins, na festa dos bumbás Garantido, com as cores vermelha e branca, e Caprichoso, com as cores azul e branca..

A festa do encerramento acontecia  logo depois do dia de Reis e, chamada “Festa da Queima das Palhinhas”.

Deixo o convite para pensarmos  na organização de uma bonita pastorinha para alegrar o natal do próximo ano.

No próximo domingo, falarei sobre a origem do NATAL.

RAIMUNDA GIL SCHAEKEN, tefeense, professora aposentada, católica praticante, sócia titular da Associação dos Escritores do Amazonas (ASSEAM) e membro efetivo da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR).

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