A Lei estadual 4.347/2016, sancionada este mês pelo governador do Amazonas José Melo, torna obrigatória, em todas as maternidades do estado, a realização do exame de Ortolani (Teste do Quadril) nos recém-nascidos, teste que já faz parte da rotina das sete maternidades da Secretaria Estadual de Saúde (Susam), adotado para detectar, precocemente, problemas nas articulações do quadril, que podem afetar o crescimento da criança.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Pedro Elias de Souza, o Teste do Quadril é realizado logo após o nascimento da criança. “É um exame simples, mas que pode evitar que a criança tenha problemas futuros, que atinjam o desenvolvimento dos membros inferiores e afetem inclusive a coluna”, afirmou.
A médica neonatologista do Instituto da Mulher Dona Lindu, Fabiane Marinho, explica que o médico movimenta as pernas e o quadril do bebê, que deve estar deitado. A ação serve para analisar as articulações e a estabilidade da região. “Esse simples movimento é capaz de verificar se a criança possui uma luxação congênita nessa parte do corpo. A luxação ocorre quando, durante a formação da criança, o quadril fica ‘fora do lugar’. Nesse caso, a criança pode ficar com uma perna maior do que a outra e até desenvolver problemas na coluna”, afirmou.
Fabiane Marinho frisa que não há causa definida para que a criança apresente problemas no quadril, mas alguns fatores podem estar relacionados, dentre eles, a posição uterina, o fato de ser a primeira gravidez, além do histórico familiar de doenças nessa região do corpo.
A médica ressalta que com o diagnóstico precoce, 95% das crianças que nascem com problemas no quadril podem ter o quadro revertido. “Quando a doença é identificada ainda na maternidade, a criança já recebe o encaminhamento para fazer acompanhamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Prefeitura”, acrescentou.
Para que o tratamento alcance melhor resposta, o ideal é que seja feito até os seis meses de vida. A médica diz que, nesse caso, a criança utiliza um dispositivo chamado suspensório de Pavlik, que são tiras de tecido que ajudam a manter a estabilização do quadril. A criança utiliza esse dispositivo por cerca de dois meses. “Após os seis meses, o suspensório não tem efeito e o tratamento é feito com gesso. Depois de um ano, apenas cirurgia pode reverter o quadro”, destacou a médica.
Para a médica, o teste é uma medida simples que pode prevenir problemas sérios. “Os pais devem ficar atentos e exigir que o exame seja realizado ainda na maternidade”.
Outros exames – Além do teste do quadril, as maternidades da rede estadual de saúde realizam outros cinco exames neonatais ainda nos primeiros dias do bebê. São eles:
Teste do Pezinho
Diagnostica as seguintes doenças:
Fenilcetonúria – causada pela deficiência no metabolismo do aminoácido fenilalanina. O acúmulo no organismo pode causar deficiência mental.
Hipotireoidismo Congênito – causada pela insuficiência do hormônio da tireoide. A falta de tiroxina pode causar retardo mental e comprometimento do desenvolvimento físico.
Anemia Falciforme e outras hemoglobinopatias – pode causar anemia, atraso no crescimento, dores e infecções generalizadas.
Fibrose Cística – doença genética grave, que afeta as glândulas exócrinas, provocando alterações nos pulmões, pâncreas, fígado e intestino.
Como é feito: por meio da coleta de sangue do calcanhar.
Teste da Orelhinha
Diagnostica: surdez
Como é feito: o pediatra coloca um aparelho similar a um fone de ouvido na criança, que é capaz de identificar a surdez.
Teste do Olhinho
Diagnostica: alterações oculares, que podem levar à cegueira.
Como é feito: um feixe de luz é direcionado nos olhos da criança. Se eles forem saudáveis, emitirão uma cor avermelhada.
Teste do Coraçãozinho
Diagnostica: doenças cardíacas.
Como é feito: um aparelho de pressão chamado oxímetro é colocado no bebê, para avaliar a oxigenação do sangue. Se o equipamento apontar diferença, a criança pode ter algum problema cardíaco