Tratamento para engravidar impacta a saúde mental de mulheres

A complexidade do processo vai além do esforço físico - Foto: Divulgação

Quando o assunto é maternidade, pouco se fala sobre os constantes altos e baixos que cercam esse processo. Momentos de muito pesar também fazem parte da jornada na vida de mulheres que desejam ter um filho, especialmente em casos onde procedimentos externos se tornam a única alternativa para a concretização desse sonho.


A reprodução medicamente assistida é o nome dado ao conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de início da gravidez. As técnicas, que incluem a inseminação artificial intrauterina e a fertilização in vitro, buscam auxiliar casais inférteis, ou em que haja um portador de certos tipos de vírus, ou com elevado risco de transmissão de doenças genéticas, além de mulheres, que tiveram sua fertilidade diminuída após o processo de quimioterapia, decorrente do tratamento contra o câncer, e casais LGBT.

O processo e o resultado impactam a vida da mulher durante anos depois do tratamento. As chances de sucesso variam, principalmente de acordo com a idade, e vão diminuindo com o passar dos anos.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cardiff investigou o estado da saúde mental de 7 mil voluntárias que passaram pelo processo de reprodução assistida em um período entre 17 e 11 anos antes da pesquisa. Os resultados mostraram que as mulheres que não conseguiram engravidar, mas continuaram com o desejo de ter um filho, tinham maiores chances de desenvolver algum problema psicológico. Para quem nunca havia engravidado antes, a chance crescia em 2,8 vezes, e em 1,5 para quem já tinha um filho. Mulheres que começaram o tratamento com idade avançada reagiram de maneira não tão negativa, por já considerarem a possibilidade de falha.

Os dados comprovam o impacto do esforço emocional pelo qual as mulheres precisam passar durante o processo, trabalhando em torno dos resultados do tratamento e das expectativas acerca da maternidade, reforçando a necessidade de apoio médico especializado. A maioria das clínicas de fertilidade conta com psicólogos disponíveis para explicar as chances de sucesso e oferecer apoio à mulher. Já na faculdade de psicologia, o profissional é preparado para atuar em diversas áreas, visando o conhecimento mais amplo em diversos casos e situações. O acompanhamento psicológico durante o tratamento de fertilidade é altamente recomendado, principalmente para aquelas que estão tentando várias vezes, devendo continuar mesmo após a finalização do procedimento.

Um dos conselhos mais populares para ajudar mulheres e casais que passam por esse momento é procurar um grupo de apoio e a ajuda de amigos. Entretanto, o afastamento de pessoas, que antes eram próximas, é uma realidade, o que torna esse momento ainda mais solitário. Entrar em contato com grupos de mulheres que passam pela mesma situação é uma maneira de encontrar empatia e reconhecimento com pessoas em uma situação em comum, abrindo espaço para a criação de novos laços. Para aqueles que só dão conselhos, fica a missão de também acolher.

Tirar um período para descansar e cuidar da saúde mental durante esse período é uma forma de cuidado pessoal e não deve ser ignorado. Assim, tanto a mulher, quanto o casal, têm maiores chances de seguirem com esperança, independentemente do resultado.

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