Vender e entregar

Luiz Lauschner Escritor e empresário

Imagine-se entrando num supermercado, enchendo o carrinho de compras, pagando a conta e, na saída constatar que tudo foi reduzido à metade embora você tenha pago integral. Geraria uma justa revolta com direito até a boletim de ocorrência(B.O.) na polícia e tudo o mais. Quando a conexão da internet está abaixo da metade da velocidade que se paga também causa revolta, mas ninguém faz o tal B.O. Por que não?


O sociedade desorganizada é vítima fácil da pilantragem em qualquer nível. Atualmente está em andamento uma campanha para reduzir o valor do IPVA – aquele imposto do emplacamento – para a metade. Eu sou a favor da redução de qualquer tipo de imposto. Muito mais por este cuja arrecadação não cumpre a finalidade que deveria. Antes da crise, eram emplacados no Brasil cerca de quatrocentos mil veículos novos todos os meses. Sem contar que os usados, em número doze vezes maior, também tem uma contribuição em IPVA todos os anos. Pelo estado das ruas e estradas do Brasil este dinheiro, bem mais de 30 bilhões,é pouco. Pouco ou mal administrado?

As estradas melhores – não significa que sejam boas – são aquelas que cobram pedágio. Ora, o IPVA não existe justamente para que não haja necessidade de pedágio? Por isso que a campanha para diminuir o valor do IPVA está recebendo apoio popular. Por que o povo se revolta? Porque não existe uma real prestação de contas sobre aquilo que se arrecada e se gasta. Desculpem se minha capacidade ou falta de paciência – que parece ser da maioria – não conseguiu detectar o locar exato dessas contas.

O tal seguro obrigatório é outra caixa preta que não se tem informações claras. Só se ouve falar de algum pagamento por parte deste tal seguro quando alguém tenta burlá-lo. Até mesmo o site oficial faz questão de solicitar, na primeira página, a todos que denunciem fraudes. Por que não indicar acidentados com direitos? Se os governos fossem indenizar aos proprietários de veículos toda vez que estes sofrem acidentes por ruas e estradas mal conservadas e não sinalizadas, quanto isso daria?

A administração pública no tocante às estradas não é séria. Não temos estudos para dizer o quanto a indústria do tapa buracos fatura. Mas, com certeza é uma quantia estimulante que impede a construção de rodovias que não necessitem de tanta manutenção. São criadas leis, como a lei seca, para impedir acidentes. Contudo, um grande número de acidentes acontece por conta da buraqueira nas ruas e estradas. Claro que muitos nem constam nas estatísticas por “apenas” quebram os carros.

Enfim, vender um produto e não entregá-lo é uma pilantragem, portanto inadmissível numa relação respeitosa. O tal joguinho de faz de conta que não ajuda a ninguém. Serve apenas para distorcera administração. Não faz nenhuma diferença se ele ocorre na empresa que vende a conexão que não entrega ou se no Estado que não fiscaliza a si próprio. O povo ainda não se conscientizou que o Estado está aí para servi-lo. Se você lhe paga por seus serviços, também deve informar onde gasta o seu dinheiro.

Artigo anteriorGrêmio cala o Mineirão e derrota o Atlético Mineiro deixando o Corinthians lider
Próximo artigoSérie “Um Maluco no Pedaço” deve ganhar nova versão, diz site

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui