
Mais de dez policiais militares foram afastados das atividades nos cinco primeiros meses de 2017 para passarem por tratamentos psicológicos. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (22) pelo coronel Wagner Estanislau de Araújo, diretor da Policlínica da Polícia Militar (PM-AC), em Rio Branco. Os problemas mais recorrentes enfrentados pelos agentes, segundo Araújo, são o estresse pós-traumático e agudo, ansiedade e depressão.
A equipe da Policlínica conta com assistentes sociais e quatro psicólogos, sendo três militares e uma civil. Ao todo, 2.476 policiais atuam em todo o Acre e os 11 afastados recentemente representam menos de 1% desse total. Em 2016, segundo o diretor, 67 agentes pediram ajuda na unidade. Em 2017 esse número caiu para 38.
“Há casos simples, intermediários ou mais graves. Aqui, comparado a estados como o Rio de Janeiro e São Paulo, é muito difícil acontecer o afastamento, apenas se for um caso muito grave, até porque a incidência de criminalidade aqui é bem menor”, diz.
No último dia 19 deste mês, a Justiça do Acre considerou o ex-subtenente José Adelmo dos Santos inimputável, quando a pessoa não tem condições psicológicas de responder pelo ato. Santos matou o sargento Paulo Andrade, de 44 anos, dentro do Comando Geral da PM-AC. Conforme a defesa de Santos, ele tem transtorno bipolar e dependência química.

Ao G1, na última terça-feira (22), o corregedor e subcomandante da PM, coronel Ricardo Brandão, disse que Santos não passou por testes psicológicos ao sair da reserva e ser reintegrado. Afirmou ainda que em 30 anos de serviço o ex-subtenente nunca mostrou qualquer disfunção relacionada à bipolaridade. O diretor da Policlínica diz que, durante a gestão dele, Santos nunca procurou assistência.
“Em casos de dependentes químicos, quando a gente detecta ou o PM procura, podemos fazer a internação voluntária. Todas as polícias têm históricos de agentes internados com casos como esses. Esse número geralmente é baixo porque o PM que é dependente não admite isso. A situação fica bem complicada, pois, só podemos internar quando ele se voluntariar”, explica.
Araújo explica ainda que um familiar ou amigo pode informar casos de dependência, depressão e estresse. Após isso, um assistente social, psicólogo e algumas vezes até um pastor visita o PM para o convencer a fazer o tratamento.
“Ele se disponibilizando fazemos todo o tratamento psicológico e se for o caso o internamos. Mas, não podemos usar a força coercitiva nesses casos”, diz.
Fonte: A Crítica do Acre