
A implantação de um aterro sanitário em Iranduba (a 35 quilômetros de Manaus) tem gerado impasses na região. Isso porque a estrutura pode causar sérios danos ambientais, além de impactos para a economia turística local.
“Uma região que é rica em arqueologia e com muitas nascentes, que hoje é um lugar do turismo local será trocado para um lugar de descarrego de todo o Lixo de Manaus. Assim será a região onde pretendem instalar o aterro sanitário”, disse o arquiteto e urbanista Bepi Cyrino.
Estudo de área
De acordo com o especialista, até foi apresentado um estudo de área onde será instalado o aterro sanitário. No entanto, o projeto não especifica os danos ambientais e econômicos que podem acontecer entre a cabeça da Ponte Rio Negro e a entrada do Paricatuba.
O aterro sanitário projetado para ser construído em Iranduba é de propriedade do grupo Bringel, dos sócios Sebastião Ramilo Bulcão Bringel e Sérgio Roberto Melo Bringel. Sérgio é fundador do Grupo Bringel e sócio administrador da empresa Norte Ambiental Ltda, além de ter envolvimento na operação Maus Caminhos, após prisão em 2018 pela Polícia Federal.

O empresário responde por peculato e organização criminosa. Sérgio Bringel já foi denunciado por desvio e apropriação de recursos públicos, além de ser acusado de pertencer a uma suposta organização criminosa para desvio de verba pública e pagamento de propina a políticos.
Tratorando estudos
Especialistas, ambientalistas, arqueólogos dizem que existe um interesse urgente e, uma insistência inexplicada das autoridades ligadas à prefeitura de Iranduba, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e do grupo Bringel, na implantação do lixão naquela área. O que levanta a suspeita de que a algo de errado na elaboração do projeto e que ele deva ser investigado, antes que o desastre ecológico aconteça.
“Estão ‘tratorando’ todos os estudos de impacto ambientais feitos anteriormente. Não estão respeitando sequer o estudo que mudou o traçado do gasoduto de Coari, que passaria pela região, mas que foi mudando para evitar o impacto arqueológico ambiental que ele causaria na área do Paricatuba”, completa Cirino.

O lixão vai ser instalado na entrada do Paricatuba e, certamente, comprometerá todos os igarapés localizados às margens da AM-070, que hoje servem de balneários aos moradores das cidades de Manaus e da própria Iranduba. A Cachoeira do Leão, que é um lugar muito frequentado, passará a perder seus visitantes. Também existe o problema do chorume, que vai se espalhar da cabeça da Ponte Rio Negro até o Aterro Sanitário (Lixão), da AM-70, na entrada do Paricatuba.
Ou seja, Paricatuba, que ressuscitou das cinzas depois das dezenas de anos de esquecimento e do gasoduto Coarí-Manaus , será atingida de mote pelo Aterro Sanitário das autoridades de Iranduba”, afirmou Cyrino.
Presença de Urubus
Até mesmo o tráfego aéreo pode ser prejudicado devido à presença dos urubus na rota dos aviões, que chegam do Sul e manobram naquela área para tomar a cabeceira do aeroporto Eduardo Gomes.
Ou seja, a Norte Ambiental apresentou um estudo ‘sem eira, nem beira’, que parece atender somente interesses de grupos e, que pode causar desastres sem precedentes para os rios da Amazônia, para a economia do município e até para o espaço aéreo de Manaus.
“O ideal seria instalar o aterro em uma área afastada do grande fluxo de pessoas e onde não cause danos aos humanos e ao meio ambiente, de um modo geral,” frisou o especialista