
O atual cenário político para as eleições gerais de 2026 não é definitivo. Haverá mudança, como sempre há. Mas é possível uma análise de conjuntura sobre as últimas movimentações eleitorais das forças políticas que pretendem participar ativamente das alianças e dos acordos do tabuleiro eleitoral para o próximo pleito. E é nessa avaliação que a direita amazonense se mostra ousada; a política tradicional ou os políticos tradicionais buscam a união de forças; e os partidos à esquerda ou denominados de progressistas continuam ainda numa condição bem secundária.
Depois da vitória eleitoral do governador Wilson Lima, nas eleições de 2018, os direitistas bolsonaristas do Amazonas produziram novas lideranças políticas. Coronel Menezes e Capitão Alberto Neto são exemplos. Disputaram eleições majoritárias e saíram com votações expressivas. Agora, a professora Maria do Carmo Lins é apresentada como pré-candidata ao governo do Amazonas pelo Partido Liberal – PL. Isso é uma demonstração de ousadia da direita que tem formado quadros políticos, além do governador Wilson Lima.
Há movimentações no campo dos políticos tradicionais. Quando tudo indicava que os caciques da política do Estado estavam com os dias contados, eles deram, na última semana, uma demonstração de força e de unidade, envolvendo o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, o ex-prefeito de Parintins, Bi Garcia e os senadores Omar Aziz e Eduardo Braga e outras lideranças. Aziz foi lançado pré-candidato ao governo e prometeu um Amazonas, novamente, forte. Ele já foi secretário municipal, vereador, prefeito interino de Manaus, secretário estadual, deputado estadual, governador reeleito e atualmente é senador. Nas entrevistas concedidas, ele tem prometido resolver os problemas do Amazonas.
Com relação aos partidos de esquerda e suas variáveis, não é novidade que neste período pré-eleitoral e nos últimos pleitos majoritários, o comportamento dos seus dirigentes vai ao encontro do grupo tradicional da política do Estado ou lançam candidaturas sem aceitação popular. Sem novas lideranças, divididos por interesses das cúpulas partidárias, com desgastes de imagem e com baixa densidade eleitoral, sobra para os partidos de esquerdas e progressistas o mero papel de coadjuvantes nas eleições.
Esse é o momento político, o cenário pré-eleitoral. Talvez haja mudança. O vice-governador Tadeu de Souza pode deixar o partido Avante (partido controlado pelo prefeito Davíd Almeida) e assinar a ficha de filiação do União Brasil (partido do governador Wilson Lima) que fez federação com o Partido Progressistas – PP, uma federação muito poderosa, com grande tempo de televisão e de rádio, além do bilionário fundo eleitoral. Uma união de Wilson Lima com Tadeu de Souza pode mudar as atuais composições e articulações políticas do momento.
Então, o quadro político atual é esse: ousadia da direita bolsonarista; a união dos políticos tradicionais; posição secundária dos partidos de esquerda; e a espera dos movimentos políticos do governador Wilson Lima e do vice Tadeu de Souza.
Carlos Santiago é Sociólogo, Cientista Político e Advogado.