A artista plástica Elenir Teixeira quer aprender sobre redes sociais para divulgar suas obras

A artista Elenir Teixeira, de 86 anos, pintando na Casa Ondina Lobo, onde mora - Divulgação

Com mais de 70 anos de carreira e 60 exposições nacionais e internacionais, Elenir conviveu com grandes nomes das artes, como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral


Moradora da Casa Ondina Lobo – entidade filantrópica, que em seus 73 anos já atendeu cerca de 2 mil idosos em situação de vulnerabilidade social -, a artista plástica Elenir de Oliveira Teixeira, de 86 anos, carrega em sua bagagem mais de mil obras pintadas a óleo sobre tela, mais de 30 premiações e mais de 60 exposições, realizadas no Brasil e no Exterior (Mônaco, Nova York, Chile e Barcelona). Ela está na expectativa de aprender sobre tecnologia para poder, entre outras coisas, divulgar as suas 500 obras disponíveis. Elenir já tem perfis em seu nome no Facebook e Instagram – com apenas 100 seguidores – e um site com sua biografia e pinturas. “Eu preciso aprender a mexer nessas redes sociais o máximo possível para aumentar a visibilidade das minhas obras. Quero colocar boas fotos e escrever sobre elas, além de conquistar mais esse público que aprecia pintura”, conta a artista.

De Mococa/SP, após o falecimento de seu marido, e em vulnerabilidade social, Elenir foi para a Casa Ondina Lobo, onde está há 5 anos e tem um ateliê com obras. Outras estão em um container climatizado, na Vila Leopoldina (SP). “A pintura sempre fez parte da minha vida, desde os 14 anos de idade. Foram 70 anos pintando e me relacionei com grandes nomes das artes, como Di Cavalcanti, Domênico Lazzarini, Tarsila do Amaral e Noêmia Mourão. Continuo pintando diariamente”, conta a artista, mesmo tendo feito recentemente três cirurgias seguidas devido a uma complicação nos olhos.

Com 11 anos de cursos superiores na Belas Artes, em Escultura, Gravura e Pedagogia, Elenir tem o sonho de fazer uma exposição com a retrospectiva de suas obras. Mas para isso precisa ser incluída digitalmente, o que pode acontecer em breve. A Casa Ondina Lobo criou o projeto de cursos de inclusão digital para pessoas 60+, que ensinará seus moradores e, também, idosos de bairros vulneráveis da Zona Sul de S. Paulo. O projeto foi aprovado para captação de recursos junto a empresas doadoras do Fundo Municipal dos Idosos – FMID.

O nascimento do projeto digital

“Para a criação deste projeto, que tem um formato absolutamente inovador, nos baseamos em pesquisas acadêmicas e contamos com a orientação e suporte de pesquisadoras da USP – Universidade de São Paulo, a profa. dra. Meire Cachioni, coordenadora do programa Idosos online na USP 60+, e a profa. dra. Mônica Sanches Yassuda, renomada especialista na temática cognição em pessoas idosas”, conta Raquel Oliveira, Coordenadora dos Projetos Incentivados da Casa Ondina.

Entre as várias pesquisas que existem sobre o tema, Raquel destaca o aumento do número de estudos e publicações dos resultados, impactos e os efeitos do Programa de Inclusão Digital na Performance Cognitiva de pessoas idosas (ORDONEZ, CACHONI e YASSUDA, 2011). “Como outras pesquisas, essa também constatou que o uso da tecnologia traz benefícios à vida psíquica, física e social dos idosos, a partir das interações sociais, praticidade em tarefas e afazeres. Após a pandemia, ficou evidente de que maneira o uso, por exemplo, de WhatsApp e de vídeo chamadas os aproxima da família, diminui a solidão e melhora a qualidade de vida”.

Segundo ela, a literatura científica tem publicado sobre iniciativas de ensino digital às pessoas idosas e os resultados que uma socialização tem na prevenção de possíveis doenças, como a depressão. “Podemos perceber durante a pandemia que, na Casa Ondina, o acesso aos meios digitais aumentou entre os idosos, permitindo os vínculos com familiares de maneira mais segura. Contudo, observamos a necessidade de capacitar os funcionários em uma abordagem gerontológica adequada, tendo em vista que ensinar a pessoa idosa é muito diferente de ensinar uma criança ou adulto, que convive com tecnologia diariamente”, finaliza Raquel.

Projeto Comunicação em Movimento – Ônibus itinerante, devidamente equipado tecnologicamente, será a sede de oito aulas de inclusão digital para pessoas 60+, em bairros de vulnerabilidade social da Zona Sul de S. Paulo, como Grajaú, Jardim Ângela, Cidade Ademar, Capão Redondo e Jardim São Luís. As aulas contemplam, entre outras ações: navegar em sites e aplicativos; fazer compras online, chamar Uber, criação e alimentação de redes sociais, e uso do WhatsApp. Também faz parte da iniciativa a formação de gestores de Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPIs, por meio de um curso online, para que possam promover esse mesmo curso para idosos em suas instituições.

Com este projeto, de duração de dois anos, a Casa Ondina Lobo atende a dois Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil: o ODS 4 – Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos; e o ODS 10 – Redução de desigualdades. Ao todo, o projeto realizará mais de 4.000 atendimentos a pessoas idosas.

A Casa Ondina teve ainda outro projeto recente aprovado pelo Fundo Municipal do Idoso para captação de recursos junto às empresas: o Gastronômico 2.0.

Os projetos do FMID poderão ser selecionados pelas empresas até dezembro deste ano, quando acontece o período de direcionamento do imposto de renda para utilização em Fundos Públicos. As entidades que forem bem-sucedidas na mobilização de recursos com as empresas devem assinar os Termos de Fomento com a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania do Município de São Paulo (SMDHC), no primeiro semestre de 2024.

Casa Ondina Lobo (zona Sul de SP)

A Casa Ondina já obteve aprovação em projetos FMID e, em 2022, a instituição colocou três deles em prática. Dois deles já foram concluídos: Gastronômico 1.0 (que recebeu mais de 400 pessoas da comunidade na Casa para compartilhar com os idosos oficinas educativas nutricionais e compartilhou um Programa de vídeo com aulas sobre temáticas gastronômicas, disponível gratuitamente no Canal do Youtube), e o Projeto Emergencial – Medidas de Prevenção COVID (com isso, a Casa Ondina teve um baixo impacto com relação a Covid). Há ainda um projeto revolucionário, que será lançado em breve, para o combate e prevenção da depressão. Para saber mais clique Aqui.

Esse ano, a Casa Ondina está promovendo, também, a exposição ‘Linhas que Falam’, com pinturas de pessoas idosas e de crianças, resultado de um projeto que durou mais de um ano e que tem o incentivo da Lei Rouanet.

Casa Ondina Lobo – fundada em 1950, é uma instituição sem fins lucrativos, criada por um grupo de amigos e familiares por orientação de sua patrona, Ondina Lobo (1885-1942). Sua missão é atender gratuitamente e de forma integral, pessoas idosas sem recursos, de ambos os sexos, possibilitando que vivam com dignidade, qualidade e bem-estar, por meio de sua integração social. A Casa ocupa um terreno de 7.165 m2, com área construída de 3.096,68 m2. Tem parceria com a com a USP – Universidade de São Paulo e com a UNIP – Universidade Paulista,garantindo fisioterapia duas vezes na semana aos idosos. Também oferece acupuntura, massagem, reiki, johrei, arteterapia (por meio de uma rede de voluntariado), além de eventos como bingo, patrocinados por empresas apoiadoras.

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