A escravidão do ser humano – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

A escravidão do homem é imposta pelos modelos sociais, pelos deuses, pela ideia de passado e de futuro. Família tradicional, patriotismo, vida celestial, ressentimentos, ódio e vida ideal, são algumas “algemas” e “cortinas” que impedem a reflexão e deixam o ser humano viver como manada dócil diante do mundo e da vida.


Ideologias políticas oferecem o paraíso. Conquistam corações e apontam para um futuro melhor. Ideologias que matam e mataram milhões de pessoas de fome, de sede, de exploração e tornam o homem num escravo voluntário.

Conversões econômicas trazem modos de vida e de organização de produção. Esperança, conforto e dias melhores são “vendidos” como salvação do sofrimento na terra, levando o homem à escravidão de modelos, historicamente, falidos.

As religiões prometem o eterno, o paraíso além da morte. As dores, as perdas, a exploração, a adoração divina e uma vida de servidão levarão ao reino celestial. Uma vida predeterminada. O homem é apenas um escravo da vontade divina e servo das religiões.

Defesa de pátria e patriotismo ditam padrões de ufanismo agarrados a símbolos e eventos que buscam tornar povos sangrentos e pessoas tolas em heróis. Por isso, já mataram, já morreram. Bobos homens marcham por uma lógica que lhes tornam “soldadinhos de chumbo” num mundo cheio de opções.

O amor ao passado deixa o presente sem vida. O encontro de um passado glorioso mascara o presente. O encontro do passado sem glória inferniza o presente. O passado sempre vampiriza o presente. O passado bota o ser humano na escravidão num tempo que não existe. Quando tudo é passado, nada é presente. Quando tudo é saudade, a vida não tem espaço.

O futuro é só vontade. Uma ilusão. Quem busca o futuro esquece-se de viver. Quem busca o futuro deixa o presente. Quem se agarra nas pretensões futuras não abraça as dores que ensinam, torna-se apenas vontades e pretensões, o nada.

O passado e o futuro são fugas dos fracos, dos servos, dos escravos de valores morais que brotam nas pessoas impotentes diante da vida. Diante de si mesmo. O viver não é uma atitude linear. A vida é o instante, com dores e alegrias. Sem ressentimentos e sem ódio, sentimentos que escravizam.

Mas refletir não é fácil. Olhar além das doutrinas não é fácil. Enfrentar um mundo sem Deus, sem convenções econômicas trágicas, sem pátria armada opressora e modelos de família preconcebida não é fácil. O homem não quer ficar sem armaduras… Como diz o filosofo Nietzsche: “por vezes as pessoas não querem ouvir a verdade porque não desejam que as suas ilusões sejam destruídas”.

Enquanto vivo intensamente, nas ruas, homens e mulheres desfilam abraçados aos velhos dogmas, cultuando heróis, vibrando com o passado e confeitando o futuro, levados por uma “orquestra” de preconceitos e de valores que não deixam o ser humano levantar a cabeça e, de fato, encarar a vida como ela é.

A minha reflexão do mundo é só minha. Não dito verdades. Toda busca da verdade aprisiona. Caminho apenas sem verdades absolutas e com vontade imensa de amar a vida.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

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