Amazonense tem competência e conhecimento de Amazônia (01) – por Valdemir Santana

Valdemir Santana - foto: Joab Ribeiro

Quando falamos, até com uma certa insistência que o Amazonas se libertou da Capitania do Grão Pará, tornando-se província autônoma em 5 de setembro de 1850, é uma forma de dizer que não queremos entrar de novo em outra Capitania, a do ‘Grão Sulista’ e mostrar ao Brasil, que temos competência para administrar o Estado com os nosso próprio povo e com o nosso próprio conhecimento.


O Brasil precisa entender que o Amazonas tem pesquisadores e técnicos renomados trabalhando em vários institutos, em um universo amazônico onde existem cerca de 40 mil espécies de plantas, 300 espécies de mamíferos e 1,3 mil espécies de aves habitando 4,196.943 km² de florestas densas e abertas, segundo o Instituto Chico Mendes.

Temos os melhores do mundo na pesquisa da malária, temos os melhores pesquisadores da flora e da fauna do Amazonas, trabalhadores e sindicatos que conhecem como ninguém, o Polo Industrial de Manaus (PIM), no Amazonas. Então, para que importar gente de outro estado, que não conhece sequer um caroço de cupuaçu, por exemplo, para o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA)?.. Fica complicado aceitar uma imposição desta.

Para que fique claro, é a população nativa que conhece e preserva a floresta Amazônica, que conhece as riquezas da Amazônia. Não é querer desqualificar as pessoas do Sul do País, mas é bom que se entenda, que é o conhecimento ambiental dos ribeirinhos que preserva mais de 90% das florestas amazônicas.

É certo que o Amazonas precisa de integração comercial e industrial com o Sul do Brasil, mas isso não significa que precisamos ser dirigidos pelos sulistas. Temos o conhecimento regional, ambiental, industrial e de recursos humanos capaz de administrar os nossos próprios recursos. Essa é a nossa luta e a regra que estamos seguindo.

Fim das florestas

Além disso, também é bom que se entenda, que os sulistas acabaram com as suas florestas e, hoje, eles só têm água para manter as suas lavouras, os seus canaviais por que os ribeirinhos preservaram as florestas da Região Norte.

Os sulistas têm que entender que 1/5 de toda a reserva de Água Doce do planeta Terra está na região Amazônica. Isso equivale a 45% de toda a água subterrânea do Brasil e que 97% da água doce disponível para a humanidade, encontra-se no subsolo da região. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse volume equivale a mais de 150 quatrilhões de litros de água doce, uma riqueza de valor incalculável para o mundo, um patrimônio da Região Amazônica, que o caboclo amazonense sabe muito bem como administrar.

É por esse motivo, que não dá para nomear gente em instituições da Região, para ficar ‘brincando de gestor’, sem conhecimento de Amazônia e, o que é pior, sem falar com quem conhece e com quem lutou para manter esse patrimônio da humanidade.

No próximo artigo vamos falar sobre a luta, a campanha, a participação voluntária dos trabalhadores na vitória do presidente Lula e o Amazonas, mas também, falar dos que brincam de gestores nas administrações públicas federais no Amazonas.

Valdemir Santana é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, da Central Única dos Trabalhadores (CUT-AM) e do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, em Manaus.

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