Amazônia, desenvolvimento impulsionado pela Ciência, Tecnologia e Consciência Ambiental

Escritor e economista Osíris Silva/Foto: Divulgação

Por Osíris Silva


Para a geógrafa e amazonóloga Bertha Becker o desafio do desenvolvimento da Amazônia pressupõe implementar modelo que utilize o patrimônio natural sem destruí-lo, atribuindo valor econômico à floresta a partir de uma constatação elementar: o Brasil, no século XX, viveu quatro revoluções tecnológicas seminais: a criação da Petrobrás, em 1953; da Embraer, em 1969; da Embrapa, 1973, e a instituição do Proálcool, em 1975. Segundo Becker, a quinta revolução tecnológica brasileira será a da Amazônia. O desafio é nosso, de mais ninguém. O caminho, por conseguinte, tem como base a promoção do uso “do fator biodiversidade como elemento estratégico de desenvolvimento regional”, enfatiza. Com efeito, o foco deve ser, ao que Becker defende, “colaborar com o planejamento do espaço rural, com vistas a equilibrar produção com conservação, voltado à sustentabilidade ambiental”.

Samuel Benchimol, desde o início dos anos 1970, por meio de sua extensa obra, já se opunha à tese da planetarização, ou internacionalização da região, que alguns chefes de Estado tentaram fazer ressurgir na reunião de cúpula do G7, realizada em Biarritz, França, em agosto de 2019. Para Benchimol, cujas teses desenvolvimentistas impactou o mundo”a esse desafio planetário vamos responder, com vontade política e as armas da ciência e da tecnologia, vamos ocupar e desenvolver a Amazônia, sem poluir e sem alçar o deserto, mas não nos deixamos intimidar pelo medo do desconhecido. Somos, afinal, um país de bandeiras e pioneiros que aprendeu desde cedo a enfrentar distâncias, a vencer dificuldades, a resistir ao sofrimento e a seguir generosos na vitória”.

Chovem ofertas de recursos de diversas origens para ajudar a Amazônia no combate a incêndios e desmatamentos. Ou são valores apenas simbólicos, ou, quando expressivos, apenas prometidos e não honrados. O Acordo de Paris-2015 teve por meta reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que contribuem de maneira significativa para o aumento da temperatura do planeta. No que respeita a recursos financeiros para enfrentar esses foram propostos investimentos, por países desenvolvidos, de 100 bilhões de dólares (por ano) aplicáveis em medidas de combate à mudança do clima e politicas sustentáveis por países em desenvolvimento, ao abrigo da “cooperação Sul-Sul”. Nenhum centavo foi liberado até hoje.

É razoável convergir pensamentos e ações sobre o foco central da questão. Ajudas oferecidas no varejo, em geral insignificantes, para combate a incêndios, em quase nada contribuem para a contenção de queimadas e desmatamentos.. O problema é mais complexo. O que efetivamente ajudaria: os países do G7, em summits permanentes, juntarem-se ao governo brasileiro, e, a partir de um capital inicial de 1 bilhão de euros, contribuir positivamente com o Brasil no financiamento de projetos de desenvolvimento não apenas na áreas constituída pelo “arco do fogo” mas em toda a o complexo pan-amazônico, especialmente nas macrorregiões objeto de expansão das novas fronteiras agropecuárias.

Não se pode perder o foco: ao contrário de ações paliativas, só o desenvolvimento econômico sustentável trará estabilidade geopolítica e garantia de preservação ambiental da região. O Brasil é permanentemente vítima de disputas geopolíticas internacionais, conforme Bertha Becker, pela razão fundamental de que “três grandes
eldorados podem ser reconhecidos contemporaneamente:os fundos oceânicos ainda não regulamentados, a Antártida, partilhada entre as potências, e a Amazônia, único a pertencer, em sua maior parte, a um só Estado Nacional”. O novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm)(2023-2027), lançado semana passada, é apenas é fortemente restritivo e ameaçador em busca do “desmatamento zero”, ignorando os anseios de uma população de 30 milhões de habitantes que clama pelo desenvolvimento sustentável da região.

Manaus, 12 de junho de 2023.

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