O auto-anúncio de nomeação para a Superintendência da Zona Franca de Manaus, feita pelo ex-deputado bolsonarista, Bôsco Saraiva, nesta quinta feira (06), atiçou o Partido dos Trabalhadores do Amazonas e levantou questionamentos sobre as reais intenções do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, com o Polo Industrial de Manaus (PIM).
Membros dos diretórios estadual e municipal do PT em Manaus, lembram que Alckmin sempre foi um inimigo declarado da Zona Franca de Manaus (ZFM), quando governador de São Paulo e agora dá demonstrativo de que quer engessar a autarquia com a provável indicação de um ex-deputado bolsonaristas, que sempre votou contra os empregos e os trabalhadores do Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Se o cargo for dado ao Bôsco Saraiva, como ele disse que sim, a direção nacional do PT não vai poder cobrar mais nenhum posicionamento do Partido no Estado. É o fim da legenda. É o fim do compromisso da militância amazonense com a direção nacional e com o próprio Partido”, avaliam vereador e presidentes do Partido no Estado.
Diretorianos hoje na sede do Partido, questionam a decisão perguntando: para que a esquerda e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganharam a eleição se era para deixar a direita conservadora comandar o País, sem mudança na política industrial do Amazonas?
“E, o que é pior, querem nomear pessoas reconhecidamente perseguidores dos trabalhadores, que, quando deputado votou a favor de reforma trabalhista, que ainda hoje continua penalizando os trabalhadores do Estado”, disse o vereador Sassá da Construção Civil.
Por sua vez, o ex-deputado federal, José Ricardo (PT), que é um forte pretendente ao cargo, diz que quem deveriam ser induzidos a falar sobre o assunto, seriam os dirigentes partidários, local e nacional. “Eu não sou dirigente. Apenas coloquei meu nome à disposição para Suframa. Se o governo tem outra visão, cabe ao partido se pronunciar a respeito”, ponderou.
O presidente estadual, o deputado Sinésio Campos e o presidente municipal Valdemir Santana, não foram encontrados. O portal vai insistir para saber o posicionamento dos dois dirigentes.
Militância petista
O que os petistas mais questionam é o PT entregar a Suframa para quem foi a favor da mineração em terras indígenas, para um ex-deputado derrotado que não pediu um voto sequer para o presidente Lula e, que, certamente, vai afundar a Suframa na mesma onda de desemprego – 30 mil no período bolsonarista -, do qual ele fez parte. Ou seja, Bolsonaro perdeu as eleições, mas vai continuar controlando a Suframa. Ele e o ex-superintendente, que deixou mais de 15 mil desempregados na sua gestão.
Vida pública questionável
A vida pública de Bôsco Saraiva é questionável, além de ter sido investigado, preso e algemado pela Policia Federal, durante o âmbito da Operação Albatroz, quando vereador em Manaus e candidato a vice-prefeito, em 2004, ele sempre teve a imprensa questionando ações contraditórias na presidência da Câmara e da Assembléia Legislativa.
Ele chegou a afirmar que a operação Albatroz foi uma “armação do governo do PT de Brasília” contra os adversários políticos no Amazonas e que ele foi inocentado, ele sempre teve a imprensa .
Após ter sido denunciado em uma matéria do Estadão, onde citava-se que havia destinado R$ 2 milhões em emendas parlamentares para uma cidade de Goiás, o então deputado federal Bosco Saraiva disse: “Não existe crime algum, é da atividade parlamentar fazer indicações. É republicano e corriqueiro”, defendeu-se Bosco. São muitas a peripécias do ex-deputado, que provavelmente será premiado pelo vice-presidente da República. O dono da pasta.