Assédio sexual: falta de canais e estruturas de poder desestimulam denúncias nas empresas

Diretorias majoritariamente masculinas em estruturas de poder moldadas por uma cultura machista. Mulheres descrevem essa arquitetura de ambientes corporativos em que a impunidade e a falta de canais apropriados desestimulam denúncias e perpetuam o assédio sexual nas empresas.


Os problemas estruturais são descritos por especialistas, ativistas, procuradoras do trabalho e, principalmente, mulheres que se viram vítimas de abusos e constrangimentos parecidos com os relatados por funcionárias da Caixa Econômica Federal há duas semanas, que culminaram com a queda do ex-presidente do banco, Pedro Guimarães.

No Brasil, casos de assédio sexual são tão subnotificados quanto os de estupro, apontam pesquisas, mas os registros vêm aumentando. Na empresa ICTS Protiviti, que administra um canal de denúncias para 600 firmas de médio e grande porte, foram 8.261 denúncias só em 2021.

Números oficiais não dão a dimensão dessa realidade. Pesquisas internacionais estimam que, a cada caso de assédio sexual denunciado, oito ou nove não são registrados, afirma Marina Ganzarolli, advogada especializada em direito da mulher e fundadora do movimento Me Too Brasil.

Numa pesquisa feita pela consultoria ThinkEva com o LinkedIn em 2020, quase metade das entrevistadas (47%) disse ter sido vítima de assédio sexual no trabalho. A incidência é maior entre as que ocupam cargos executivos. Das que se declararam gerentes, 60% afirmaram já terem passado por isso. No caso de diretoras, o índice chegou a 55%.

Entre as vítimas, 52% são mulheres negras e 49% ganham entre dois e seis salários mínimos. Uma em cada seis acabou pedindo demissão para escapar. Para 78,4% das entrevistadas, a impunidade é a maior barreira para a denúncia.

Exame

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