Crença nas instituições – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

O pior que pode acontecer a um povo é não acreditar em suas instituições e não as respeitar. Grandes revoluções só ocorrem se os valores dos governantes se encontram em assintonia com as esperanças dos seus cidadãos. Movimentos libertários resultam da luta pela conquista de princípios vilipendiados pelos representantes do poder. Por isso, a relevância do momento histórico vivido, hoje, no Brasil.


Assistimos à confissão, por dirigentes partidários, agentes políticos e expressivas autoridades da República, de violações das legislações eleitoral, tributária e penal, sem constrangimentos, sem pudor, sem medo de punição e com total descrédito à apreciação judicial dos fatos revelados. A ponto de o tesoureiro do PT, em depoimento em umas das CPIs, ironizar de um deputado, que o ameaçava do plenário com prisão, completar “falta também multa”, num escárnio à verdade e ao comportamento ético, fundamentais a qualquer democracia. Que não se engane a nação: não há heróis depondo nas comissões do Parlamento: nem a secretária que denunciou o patrão, mas quis posar nua em revista; nem o patrão, que denuncia o esquema do partido político, e quer posar de empresário generoso; nem a esposa do patrão, que tem polpuda mesada e lamenta da vida; nem o deputado que renunciou e confia voltar à imunidade pelo voto dos eleitores incautos; nem a ex-mulher do tal deputado, que conviveu com a corrupção e só fala agora, porque abandonada e preterida; e, muito menos o político/tenor, que usufruiu do dinheiro surrupiado do povo, fez negociatas escusas, e tenta ludibriar os espectadores com oratória eloquente. Os personagens dessa novela tragicômica, dessa ópera bufa, dessa comédia burlesca, são apenas bandidos canastrões, desempenhando papéis decorados em filmes de quinta categoria, dirigidos por advogados competentes e bem pagos, e que têm a certeza da impunidade dos estúdios, as instituições do Brasil.

Para completar a paródia, aparece uma cafetina, que organiza orgias para políticos e homens acima de qualquer suspeita, pagando garotas e garotos de programas sexuais com o salário de miséria sonegado do trabalhador. Na sequência, doleiro criminoso tem os holofotes de pop star. Dercy Gonçalves e Oscarito, nas produções da Atlântida, não fariam melhor. Os responsáveis pelas CPIs e o Ministério Público têm que submeter à Justiça provas irrefutáveis de que o dinheiro tido como de empréstimo do empresário caridoso é dinheiro público, sim, remetido para paraísos fiscais, oriundo de transações fraudulentas, licitações mascaradas, contratos superfaturados, negociatas de empresas estatais, compra e venda de políticos inescrupulosos.

Não se trata, como arquitetado juridicamente, de mero crime eleitoral, decorrente de dinheiro de campanha não contabilizado, com penas mais brandas. Os atores decadentes desse holocausto desonroso para o País têm que perder os bens constantes em seus nomes e nos das suas mulheres; têm que perder, sobretudo, a liberdade de ir e vir. Com outro final, os bandidos serão vitoriosos e as instituições desacreditadas.

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