Demência frontotemporal do ator Bruce Willis – por Lilian Lopes

Ator Bruce Willis – Foto: Divulgação

O ator Bruce Willis encara um novo desafio clínico: a demência frontotemporal. Para psicanalista ator precisará ressignificar sua vida com apoio familiar e de amigos


 O ator norte-americano Bruce Willis, diagnosticado em 2022 com afasia, sofre com um novo desafio: a progressão da doença que culmina na forma mais comum de demência para pessoas com idade inferior ou igual a 60 anos.

É a demência frontotemporal, uma deficiência que altera a capacidade cognitiva do indivíduo e afeta seu poder de captação e manipulação da comunicação, agindo diretamente na escassez das habilidades cognitivas do ser humano.

Com isso, o novo diagnóstico reforça e sacramenta a triste interrupção de décadas de sucesso de um dos atores mais premiados de Hollywood, lembrado por sua atuação impecável em filmes, como: Duro de Matar.

Uma aposentadoria precoce que interrompe a atividade laboral, por conta de um problema de saúde. Situação comum nos dias atuais. A questão é que a perturbação da formulação e compreensão da linguagem, característica da afasia e da demência, mostram que se fará necessária a adaptação e ressignificação de toda uma vida.

Assim como Bruce, muitas pessoas, se encontram neste lugar da “parada”, ou do estacionar sua vida laborativa e social, em decorrência dos cuidados consigo mesmo. O grande ponto aqui é cuidar da saúde e, principalmente, não permitir que uma situação como essa afete seu emocional.

Uma rede de apoio em casos como esse, se faz fundamental, para que esse indivíduo que esteve ativo ao longo de toda sua vida, viveu sob a mira de holofotes e mantinha um alinhamento social constante, não entre em um estado depressivo, tornando assim, a demência uma porta aberta para transtornos ou outras neuroses oportunistas.

Toda essa situação hoje vivenciada pelo astro, nos faz pensar e refletir que em alguns momentos, nosso corpo pode nos parar. Nossa mente pode nos parar. É preciso ter sabedoria para reconhecer que essa pausa é, extremamente, necessária. Infelizmente, o paciente diagnosticado com essa doença, fica debilitado mentalmente e fisicamente. Perdendo suas funções de linguagem e se torna, de certa forma, dependendo total das pessoas mais próximas.

Sem dúvida, é um tempo de ressignificar nossas forças e perceber que até os fortes (simbolizando os personagens interpretados por Bruce Willis), precisam parar.

Ao longo de seus 67 anos de muitos trabalhos tornaram esse ator “familiar” no cenário cinematográfico. Porém, uma lesão cerebral que causa um distúrbio de linguagem, cala a “persona” principal. Mas o grande ponto que deve ser observado é que, já há algum tempo alguns sinais já demonstravam que algo estava fora dos eixos, nas gravações realizadas pelo ator.

O esquecimento das falas, os apagões momentâneos e a apatia frente a algumas situações, denunciavam um pedido de socorro.

Diante desta constatação, ressalto a importância de “ouvir” seu corpo. Dar voz à suas dores e aos pequenos sinais de irregularidades, como: dores crônicas, alterações de pele ou físicas inesperadas, dentre outras anormalidades do organismo.

Lembrando da máxima psicanalítica de que o corpo fala, certamente, ele pode estar emitindo um alerta para que se tenham mais cuidado com a mente e o físico.

Somos as nossas histórias, dores e alegrias. Estamos em constante evolução e claro que, a vida imediatista, nem sempre nos deixa perceber que a desaceleração é necessária. Preservar o emocional e valorizar o cuidado com o organismo e o biológico, são regras indispensáveis para que se viva cada vez mais e com maior qualidade de vida.

Enfim, lamentamos a notícia de mais um triste diagnóstico para Bruce. Demência é coisa séria, assim como a afasia e fica a tristeza em saber que termos mais o ator em novas produções do cinema, por conta de sua condição clínica.

Tudo isso nos leva a refletir que somos suscetíveis a doenças e que estas precisam ser acompanhadas de perto desde os primeiros sinais de qualquer sintoma.

Afinal, não existe isenção de dor ou invencibilidade para o ser humano. Ainda não chegamos neste estágio.

Portanto, a grande lição é viver a cada dia como se fosse o último. Desacelerar. Prestar atenção aos detalhes e aos sinais de desequilíbrio que possam estar sendo emitidos pelo corpo e pela mente são fundamentais na construção do bem estar físico e emocional.

Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista  

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.

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