É possível alcançar a felicidade? – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

Quem reza morre, quem não reza, morre também; quem só busca a riqueza material falece, quem quer somente a espiritualidade, também falece; quem somente age via racionalidade morre, quem toma atitude movido pela emoção, também morre; quem é indignado com as injustiças falece, quem é um omisso diante das injustiças, também falece. Mas, o jovem e o velho, os homens e as mulheres, os brancos e os pretos podem viver melhor no mundo, não temer a morte e alcançar a liberdade, basta seguir o caminho receitado pelo filósofo Epicuro de Samos (341 a.C. – 270 a.C).


Para que serve uma vida de arrogância? Somente para distanciar as pessoas, criar isolamentos sociais, produzir stress, proliferar o ódio e as injustiças, promover guerras, manter hierarquias desnecessárias. Por isso, a vida deve ser vivida com os amigos, independentemente de cor ou de credo, construindo amizades, com conversas agradáveis, partilhando alegrias, conhecimentos e comidas e buscar sempre um envolvimento social positivo de homens, de mulheres, de jovens e de velhos, pois a felicidade é encontrada nas coisas mais simples. A vida feliz é viver na simplicidade.

Para que serve uma imensa riqueza material? É fonte de muita preocupação com segurança, ganância em si, conflitos, uma corrida permanente para administrar coisas que tiram das pessoas o tempo para viver melhor. A vida humana tem necessidades naturais e necessárias, como de comer, de beber, de moradia, de vestimenta e outras. Porém, o ser humano cria necessidades não naturais e não necessárias, como Poder, fortuna de dinheiro, fama e a busca de glórias, comendas simbólicas e outras ilusões que tornam as pessoas escravas das superstições e de tradições que as enjaulam. A felicidade é a vida sem falsas necessidades.

Para que servem as crenças religiosas e as superstições? Para mover as pessoas a partir do medo, dos conflitos sociais, de buscar viver numa moral distante do mundo real, engessando a liberdade e dificultando a felicidade. É possível uma vida com vontade própria, decidindo seu caminho, fazendo suas escolhas e sem medo do presente e do futuro. Cabendo ao indivíduo, conhecer a si mesmo, com erros e acertos. A felicidade é a vida sem crenças tolas e com liberdade.

Por que não se preocupar com a morte? Só existe a vida porque não existe a morte, quando a morte existe é porque a vida acabou. Então, pensar na morte é deixar de viver o presente, é deixar de aproveitar a vida, é deixar de alcançar a felicidade, é ficar amarrado num fenômeno que não podemos mudar, pois todos morremos. Somos finitos! A morte é natural, mas a felicidade é uma construção possível para os indivíduos, depende muito deles, aqui, agora.

No mundo atual de tanta ansiedade, de depressão, de ganância, de medo e de infelicidade, os ensinamentos de Epicuro, lançados e vividos por ele no período helenístico da filosofia, podem ajudar o indivíduo a promover uma reflexão de si próprio e trilhar um caminho possível para a felicidade. Não é fácil, pois há no nosso cotidiano muito ceticismo e intolerância. No entanto, a vida é tomada de decisões e a felicidade epicurista é uma possibilidade real.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

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