Problemas climáticos, dificuldades em liberação dos planos de manejo e a distância da capital não foram gargalos suficientes para o município de Envira, a 1.206 quilômetros de Manaus voltar a atrair investimentos no setor madeireiro.
Um grupo de empresários alemães da cidade de Darmstadt, com o apoio da prefeitura, montou um empreendimento que vai injetar R$ 300 milhões no município, a partir da exploração sustentável da madeira, com vista no mercado interno e países europeus.
A informação foi divulgada ontem (05), pelo prefeito de Envira, Ivon Rates (PMDB), e pelo vice-governador José Melo, que se disse satisfeito com o reaquecimento da economia do município com a entrada, em operação, da linha extrativista, prevista para o próximo mês de abril, e os 120 empregos diretos gerados pelo empreendimento.
Melo explicou que os técnicos ambientais do Estado avaliaram com cuidado a proposta técnica apresentada pelo grupo estrangeiro, contendo critérios como a implantação de um sistema de gestão e desempenho de qualidade das operações florestais, o grau de processamento local do produto, o uso de inovações tecnológicas e os investimentos efetivos destinados à comunidade local. Segundo ele, o plano de manejo, obrigatório para ordenar a atividade madeireira e promover uma economia florestal de base sustentável, fortalece a venda de madeira legal de origem rastreada, aumenta a oferta de empregos, eleva a renda da população e a arrecadação regional.
“A política de concessão florestal traz a presença forte do Estado para áreas que ainda são remotas. O manejo florestal se compatibiliza com os objetivos da administração estadual de sempre oferecer oportunidade e renda para a população amazonense”, asseverou Melo.
O prefeito Ivon Rates explicou que o grupo alemão fez questão de acrescentar o nome Envira à marca, que deverá chegar a países como França, Bélgica e Alemanha. “Além disso, os investimentos vão representar uma alternativa a mais para a economia do nosso município e somar dividendos para melhorar a arrecadação de Envira. Acredito que a melhor gestão dos recursos naturais é feita pelo manejo e, portanto, estamos bem adiantados em relação a isso”, considerou.
No ano passado, a falta de projetos para exploração dos recursos madeireiros, gerou uma falta do produto no mercado local, o que acarretou
em elevação de 30% em média nos preços. Com isso, o metro cúbico da madeira saltou de R$ 1,2 mil para R$ 1,8 mil, impactando diretamente o preço final da construção civil.
“As negociações para atrair esses novos investidores começaram no ano passado, que foi complicado para a economia como um todo, com reduçãodo consumo. Com isso as pessoas decidiram não investir na madeira. Quando decidiram investir já estava muito tarde. Não havia mais tempo hábil para extração. Este ano, Envira já está na rota dos novos investimentos”, enfatizou Rates.
Após ter acumulado um crescimento de 140% entre 2009 e 2011, o setor madeireiro teve um crescimento de apenas 6% em 2012 e viu esses valores decrescerem 22,85% no ano passado. A falta de extração e consequentemente de matéria-prima fizeram o preço do produto disparar.