Estado de Plenitude – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Como dizia Vinicius e Moraes, “a felicidade é como a pluma que o vento vai levando pelo ar, voa tão leve mas tem a vida breve, precisa que haja vento sem parar”. Pensei muito se deveria cometer esse ato quase insano! Sim, porque escrever sobre a felicidade parece ser algo bem simples. Simples como… almoçar com os filhos num domingo, ler um livro, caminhar à beira do mar, olhar um pôr-do-sol ou compartilhar. E, ao mesmo tempo, parece quase inacessível. Felicidade é concreta ou abstrata? É possível senti-la mas não tocá-la, embora isso também pareça quase possível. Quando se abraça um filho de forma intensa, ela não se torna concreta, visível, palpável? E quando se realiza algo e se vê o objeto, a obra que resulta do trabalho e esforço, e um sentimento de satisfação plena ultrapassa o coração e salta para fora atingindo um estado de quase concretude? Felicidade é alegria e contentamento.


Felicidade é olhar a vida com prazer, saboreá-la sentindo no paladar o requinte e a sofisticação que se pode atingir como quando se delicia pratos nobres. É sentir a vida palpitar nos poros pela forma de enxergar as coisas, os fatos e as gentes. A felicidade pode ser um estado de plenitude que se alcança na quietude, na calma, no silêncio, no relaxamento, na harmonia. Mas pode também irromper na ansiedade saudável e criativa quando a imaginação floresce e esparrama ideias e frutos pelo mundo. A felicidade é um conceito humano e mundano diferentemente da beatitude, que é o ideal de uma satisfação independente da relação do homem com o mundo, e por isso mesmo, limitada à esfera contemplativa ou religiosa. Alguns a consideram irrealizável ou inatingível, outros a identificam com o que é útil e benéfico.

Melhor do que pensar a felicidade é experenciar a felicidade! Nas pequenas coisas, gestos, sorrisos, toques, palavras do cotidiano. Saber que ela está dentro de nós e que nada ou ninguém nos faz felizes ou infelizes a não ser nós mesmos. O bom é saber que ser feliz é um estado de espírito que, para quem não sabe, se aprende ou se cultiva, como fazemos com as plantas. E que tal estado de bem-estar espiritual e intelectual amadurece de forma profunda e veemente à medida que o tempo passa e a idade torna a vida mais palatável, mais instigante e mais sedutora.

O tempo fica mais curto e por isso mesmo a felicidade mais atraente. A felicidade é redonda, brilhante e perfeita. Perfeita como a rosa que tem espinhos e que de vez em quando machucam a alma. Se os espinhos não espetassem de vez em quando, como saberíamos quando a ventura bate à porta e exala raios de luz perfumados? Os contrários é nos fazer perceber. A vida está pulsando latente e fascinante. A vida nos chama. Já cometi a insanidade e a ousadia de pensar escrevendo, e assim pensando, parece que essa felicidade – razão maior de nosso estar no mundo – essa felicidade profunda e bem-aventurada que todos almejamos está na maneira simples e acessível de olhar o mundo.

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