Estudo indica que peixes sumiram no rio Uatumã após construção de hidrelétricas

Cachoeira do rio Jatapu - Foto: Leandro Sousa

Peixes endêmicos que viviam nas proximidades das Usinas Hidrelétricas (UHEs) de Balbina e Pitinga, distritos de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus), não são mais encontrados. É o que indica o projeto de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e coordenado pela pesquisadora Lúcia Rapp Py-Daniel, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), e por Douglas Bastos, bolsista de pós-doutorado do projeto Fapeam, em parceria com pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da Universidade Federal do Pará (UFPA).


Intitulado “Peixes reofílicos do rio Uatumã: avaliando o status de conservação após 35 anos da construção das UHEs Balbina e Pitinga, Amazonas, Brasil”, a proposta da pesquisa era avaliar a permanência de sete espécies endêmicas originalmente descritas apenas do rio Uatumã, um dos principais afluentes da margem esquerda do rio Amazonas, cuja biodiversidade foi afetada pela construção das usinas. Os primeiros resultados de campo indicaram que as espécies ameaçadas de extinção, descritas antes da construção das barragens, não foram mais encontradas na região.

Durante a primeira expedição ao rio Uatumã, em novembro de 2023, realizada abaixo da UHE de Balbina, a equipe coletou 945 exemplares, resultando em 247 amostras de tecidos e 170 lotes depositados na Coleção de Peixes do Inpa. Apesar das intensas atividades de captura, que incluíram cinco dias de trabalho e 20 horas de mergulho autônomo, as espécies esperadas não foram encontradas, levantando preocupações sobre o impacto significativo das UHEs na biodiversidade aquática local.

A segunda fase do projeto, realizada em outubro de 2024, concentrou-se na busca de espécies em habitats de cachoeiras que ainda não foram impactadas por hidrelétricas. Uma expedição foi realizada ao rio Abacate, mas por ser um tributário de pequeno porte, não tinha habitats similares das cachoeiras do rio Uatumã e nenhuma espécie alvo foi encontrada. No segundo semestre de 2024, a equipe realizou uma nova expedição ao rio Jatapu, afluente de grande porte do rio Uatumã, que apresenta ambientes similares ao rio Uatumã.

O material coletado na expedição do rio Jatapu continua em análise na Coleção de Peixes do Inpa. No entanto, segundo os pesquisadores, somente com as observações subaquáticas foi possível notar um ambiente muito saudável, com grande diversidade de organismos aquáticos.

“Nossa expectativa de encontrar algumas das espécies, descritas para o rio Uatumã, no rio Jatapu foi confirmada. Nossos resultados preliminares, juntamente com os dados ecológicos obtidos em campo, podem contribuir para ações de conservação desta área e, consequentemente, dessas espécies”, afirma Bastos.

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