
As expansões das fronteiras agrícolas na Região Norte do Brasil e no Mato Grosso, poderão promover novas oportunidades de negócios para o setor de navegação fluvial na Amazônia. Investir na construção de novas embarcações para suprir a demanda crescente de volume de cargas é uma das medidas que precisam ser adotadas pelas empresas de transporte, de acordo com especialista.
As novas oportunidades foram abordadas pelo economista e consultor de logística Luiz Antônio Pagot, durante palestra para empresários do segmento, na tarde de ontem (14), que aconteceu, em Manaus, promovido pelo Sidicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma).
Segundo Luiz Antônio Pagot, apesar do cenário econômico brasileiro, a produção de grãos tem provocado as implantações de vários projetos de escoamento pela Região Norte. Trata-se da chamada Saída Norte, que utiliza o transporte fluvial para escoar soja, milho e outros grãos para exportação.
“Na região norte do Matogrosso e na região noroeste, que envolve Rondônia, percebemos a fronteira agrícola em expansão e isso gera mais volume de cargas. Várias empresas estão montando projetos portuários na Região Amazônica. Não só projetos de expansão de transbordo de cargas, mas de TUPs [Terminais Uso Privado] com possibilidade de movimentar 20 milhões de toneladas por ano. A Saída Norte, por exemplo, envolve pelo menos 15 empresas que estão pensando em projetos importantes em Barcarena no Pará”, revelou Pagot.
O consultor de logística prevê que o movimento deve gerar a necessidade de novos serviços de transporte fluvial de cargas. Para atender as novas oportunidades de negócios, o especialista estima que são necessárias 600 barcaças. As embarcações seriam empregadas no escoamento das safras de grãos nas modalidades de locação e fretamento.
“Precisa-se de, no mínimo, 600 barcaças para fazer a movimentação de cargas nos próximos anos. Acredito que vai ser um mercado em forte expansão. É hora das empresas analisarem os investimentos que estão sendo feitos em balsas carreteiras e de convés para petróleo. É preciso investir também em barcaças de porão, principalmente a do tipo Mississipi de 2 mil toneladas para ofertar ao mercado”, destacou Luiz Antônio Pagot.
Atualmente, as empresas do Amazonas têm capacidade de transportar 6 milhões de toneladas de grãos por ano por meio de uma frota de 200 barcaças.
Produção recorde
A estimativa da safra nacional de grãos aponta para novo recorde e chega a 206,3 milhões de toneladas. O aumento é de 6,6% ou 12,7 milhões acima da obtida na safra 2013/14, quando alcançou 193,62 milhões de toneladas. Os números são do 10º levantamento, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no último dia 9.
Houve um aumento de 1,8 milhão de toneladas sobre o levantamento do mês passado. O acréscimo, conforme a Conab, se deve ao ganho na produtividade do milho segunda safra que chegará a 51,5 milhões de toneladas e ganho de 6,5% a mais que em 2013/2014. A produção de soja deve alcançar 96,2 milhões de toneladas, com 11,7% a mais que as 86,1 milhões da safra anterior.
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