‘Fiscalização do Trabalho no Amazonas está sendo desmoralizada pelas indústrias’, aponta sindicalista

Valdemir Santana diz que indústrias precisam ser fiscalizadas, urgente - foto: recorte/Correio

O faturamento de 162 bilhões de Reais conquistados pelas Indústrias do Amazonas em 2022, anunciado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), dá a dimensão do tamanho do lucro das empresas que operam no Polo Industrial do Amazonas (PIM), mas, também, expõe a perversa exploração da mão-de-obra terceirizada, temporária, que sustenta o lucro extraordinário das multinacionais no Estado.


“É uma vergonha que empresas do porte da Samsung da Amazônia, Moto Honda da Amazônia, LG da Amazônia, P&G da Amazônia, LG da Amazônia ainda continuem explorando e subescravizando pessoas, usando empresa de contratos temporários, Economy Fama, para pagar salário mínimo. Isso é a Samsung, fábrica que fatura mais de 30 Bilhões de Reais por ano, mas que não repassa o devido aos trabalhadores”, aponta o presidente do Sindicatos dos Metalúrgicos do Amazonas e da CUT-AM, Valdemir Santana.

De acordo com o sindicalista, a empresa LG da Amazônia também é uma das empresas do PIM que ‘terceiriza empresas de terceirizados’, para deixar de pagar os salários acordados na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e assinada pelas diretorias destas empresas.

Titular sem conhecimento

Virou uma prática comum as indústrias do PIM, agirem como se estivessem operando em um País que permite o trabalho escravo. Muitas das vezes, no entanto, elas são motivadas pelo desconhecimento que os últimos titulares da Suframa têm do sistema de trabalho no Distrito Industrial. “A direção da Suframa não conhece os trabalhadores e nem as empresas do Polo Industrial no Estado”, afirmou Valdemir Santana.

Para se ter uma ideia, diz Valdemir, as empresas que tem o maior faturamento do PIM, também são as que mais exploram a mão-de-obra barata e as que mais investem em ‘gatilhos’ capaz de burlar a fiscalização e as Leis do Trabalho.

Empresas do mal

Um exemplo dado pelo presidente dos Metalúrgicos, faz referência à empresa do mal, Economy Fama, que foi contratada com este fim pela Samsung da Amazônia. Ela, a Fama, trabalha com mão-de-obra terceirizada e temporária e deve ter autorização para atrasar pagamentos dos trabalhadores que ganham uma miséria de salários.

A Fama tem atrasos de 05 dias ou mais na folha, pratica atividade que não lhe compete, desvia função sem nenhum pudor. A Moto Honda também é dona do mesmo sistema irregular, com mais de 2.000 funcionários terceirizados, dos 8.000 existentes na fábrica.

Empresas irregulares sem fiscalização

Tem a empresa LS de terceirizados da Honda, que está toda irregular e praticando desvio de função. Eles contratam para uma atividade de linha e embalagem, mas forçam os trabalhadores a fazer controle de qualidade.

A P&G tem 70% dos seus trabalhadores terceirizados irregularmente e, por mais que o Sindicato dos Metalúrgicos denuncie, elas não são fiscalizadas. Nem pela Suframa e, muito menos, pelo Ministério do Trabalho.

Desmoralização

“Por conivência ou por conveniência, as grandes e médias empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus estão desmoralizando, totalmente, as instituições responsáveis pelo ordenamento industrial no Estado”, apela Valdemir Santana.

Santana garante que não é certo, nem moral e nem humano o que os presidentes de indústrias fazem no Amazonas. Resta ao Sindicato, a denúncia e acreditar que a exploração empresarial do Brasil 2016/2022, seja punida pela Justiça do novo governo brasileiro.

“A prática perversa de lidar com a mão-de-obra no Amazonas, especificamente, tem que ser punida e seus praticantes, também”, enumera Santana.

 

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