Fotógrafos da natureza ganham um novo point: a Torre do Museu da Amazônia

A beleza do sarucua da cauda-preta e o saira carijó/Foto: Alsemo DFFonseca
A beleza do sarucua da cauda-preta e o saira carijó/Foto: Alsemo DFFonseca
A beleza do sarucuá da cauda-preta e o saira-carijó/Foto: Anselmo DFFonseca

 


Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça: manter olhos e ouvidos atentos para registrar e compartilhar imagens raras da natureza. Observadores de pássaros e fotógrafos da biodiversidade amazônica ganharam mais um “equipamento” para seus ‘clicks’: a torre de observação do Museu da Amazônia.

A torre possui 242 degraus e 42 metros de altura. A árvore mais alta do entorno do equipamento tem 33 metros de altura, o que permite uma visão em 360 graus acima da copa das árvores na exuberante floresta da Reserva Adolpho Ducke.

Aves raras que vivem geralmente próximo ou na copa das árvores pode ser encontradas no local. O veterinário Anselmo d`Affonseca, que há cerca de 10 anos se dedica à fotografia e coautor de um catálogo de aves da região, tem sido um dos frequentadores mais assíduos do local. O ornitólogo Robson Czaban, analista ambiental do IBAMA de Manaus, que há 30 anos fotografa aves, também já contabiliza registros raros a partir da torre.

Autor de mais de 10 mil imagens de pássaros da região, Anselmo já registrou, em visitas à torre, imagens raras como da saíra-carijó (Tangara varia) e outras não tão raras como do Trogon melanurus (Swainson, 1838) ou surucuá-de-cauda-preta e do Macuru-de-pescoço-branco, nome científico Notharchus macrorhynchos (Gmelin, 1788), este último atraído por “playback” (que consiste na reprodução de gravações de sons de aves) pousando tranquilamente no parapeito da última plataforma. Segundo o fotógrafo, isso evidencia a interação das aves com a torre.

“Esse local onde foi erguida a torre não poderia ter sido melhor. Parece que esse ponto é uma passagem permanente dos pássaros. É, sem dúvida, o melhor local para fotografar aves aqui na região. Tem dia que a gente chega aqui em cima e não sabe para onde olha, não consegue focar em um só”, explica o profissional.

A torre tem três plataformas. A primeira, a 14 metros; a segunda, a 28 e a última a 42 metros. Com sua experiência, Anselmo dá as dicas para quem queira se entregar ao prazer de fotografar a natureza a partir da torre. “O alto da torre é mais de contemplação da paisagem, mas com sorte pode-se observar gaviões (inclusive o gavião-real que já foi avistado na área), dentre outras espécies, tais como: andorinhões, papagaios, araras, etc., geralmente em vôo.

A (plataforma) intermediária é a melhor. O movimento mais abaixo é bem menor, apesar de ter bichos superinteressantes do sub-bosque, a partir de 2 metros, onde há um número espécies menor do que as de copa”, explica. Além disso o ambiente mais abaixo é menos iluminado, o que para a fotografia pode se tornar uma grande limitação.

A lista de graciosas imagens inclui aves como o Pica-pau-chocolate, nome científico Celeus elegans (Statius Muller, 1776), o Pica-pau-de-colar-dourado, nome científico Veniliornis cassini (Malherbe, 1862) e o Arapaçu-de-bico-vermelho, nome científico Hylexetastes perrotii (Lafresnaye, 1844), registrados por Robson Czaban, também a partir da torre do Musa. Para se ter uma ideia da importância do registro, as fotos estão classificadas entre as “mais difíceis” no site WikiAves.

Carioca, radicado em Manaus há 18 anos, Czaban tem um acervo com mais de 150 mil aves de 1,2 mil espécies. Ele conta que no início havia o receio que a torre ficaria distante das árvores, mas a dimensões do equipamento compensam essa distância, pois há espaço suficiente para o montar o equipamento de fotografia. “A torre é larga, espaçosa e bem localizada. Permite sempre um bom ângulo, o que permite fotografias muito boas, pois a gente pode usar os três elementos (plataformas)”, diz Robson. Segundo ele, no alto da torre, o profissional ainda tem a possibilidade de fotografar gaviões ou tucanos, por exemplo, de cima para baixo. Isso agrega um fundo à fotografia que é o próprio habitat do animal, o que pode ser feito nas outras plataformas em relação a aves abaixo. “A gente se preocupa com isso também: com a estética da foto”, completa. “Essa torre é, realmente, um espetáculo, e conheço dezenas de observadores, principalmente do sudeste do Brasil, que estão malucos pra conhecê-la”, informa Czaban.

Outra vantagem, de acordo com Anselmo d`Affonseca, é que nos degraus também é possível a montagem do equipamento, no caso de o fotógrafo precisar de um ângulo diferente do permitido nas plataformas. E em matéria de fotografia, todos os detalhes como sombra e luz devem ser levados em consideração. “O interessante é que, quando menino, ficava impressionado com as fotos de natureza, pelos detalhes, principalmente as fotos macro. E pensava, como seria bom se nosso olho pudesse ver o que a lente via . Na verdade a melhor lente é o olho humano. Hoje eu torço para que a câmera veja como o meu olho, principalmente porque a lente tem dificuldade com sombra e luz na mesma imagem e o nosso olho não. Ele equilibra a imagem” completa.

Sobre a torre

A torre do Museu da Amazônia fica aberta a visitação até o dia 31 de julho, quando fecha para conclusão do serviço de pintura. Os interessados em conhecer o equipamento são organizados em grupos de 15 pessoas e acompanhados por monitores. As visitas serão canceladas em caso de mau tempo. É recomendável o uso de tênis ou bota. A idade mínima para uso do equipamento é de 8 anos e menores entre 8 e 14 anos devem ser acompanhados por responsável.

As regras foram estabelecidas para garantir aos visitantes uma subida confortável e segura. O Musa funciona no Jardim Botânico de Manaus, avenida Margarita, s/n – Cidade de Deus, de terça a domingo, das 09h00 às 17h00.(PACult)

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