
Nos últimos dez anos, a produção de cacau no Pará, estado responsável por mais de 50% da produção nacional, passou por transformações significativas. Essa mudança abriu novas oportunidades para produtores e consumidores, permitindo que indígenas do Médio Xingu, apoiados pela Norte Energia, concessionária da usina Belo Monte, se destacassem na produção de chocolate. Iniciativas como Karaum Paru e Yudjá, desenvolvidas por empreendedores indígenas, estão ganhando reconhecimento nacional.
No festival internacional Chocolat Xingu, realizado em junho em Altamira, sexta maior produtora de cacau do estado, essas marcas foram lançadas. O evento destacou a origem amazônica dos chocolates, produzidos a partir de amêndoas de cacau e valorizando o saber tradicional dos povos indígenas e a preservação da biodiversidade.
Essas iniciativas não apenas fortalecem a cultura indígena e valorizam frutas regionais, mas também geram renda para as comunidades. O desenvolvimento sustentável é um pilar essencial, com foco na produção de chocolates de alta qualidade. Os chocolates Karaum Paru e Yudjá são frutos do trabalho conjunto dos povos indígenas Arara da Volta Grande do Xingu e Yudjá, em parceria com a Norte Energia e a Cacauway, primeira fábrica de chocolate da região. A expectativa é que a parceria beneficie dez aldeias indígenas.

O Karaum Paru e o Yudjá seguem o sucesso de outras marcas da região, como o Sidjä Wahiü e o Iawá, que já conquistaram visibilidade nacional. Sidjä Wahiü, liderado por Katyana Xipaya, tornou-se referência ao mostrar a força da cultura indígena na produção de chocolate de alta qualidade. O chocolate Iawá, desenvolvido pelos Kuruaya, foi premiado no Chocolat Xingu de 2023.
Leliane Jacinto Juruna, da aldeia Mïratu, representante da marca Yudjá, celebra a oportunidade de trabalhar com a produção de chocolate, uma nova visão para sua comunidade e uma fonte significativa de renda.
Thomás Sottili, gerente de projetos de sustentabilidade da Norte Energia, destaca a importância de valorizar a cultura indígena e gerar desenvolvimento socioeconômico sustentável. “Nosso objetivo é construir um legado positivo e contribuir para o desenvolvimento dos territórios onde a Usina está instalada. Queremos criar uma experiência sensorial que honre a biodiversidade amazônica”, explica Sottili.
Essas iniciativas começaram há cerca de dez anos com o Plano Básico Ambiental do Componente Indígena da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Sabrina Miranda Borges, da Gerência Socioambiental do Componente Indígena da Norte Energia, enfatiza que os povos indígenas estão desconstruindo estereótipos e se lançando em empreendimentos próprios, contribuindo para a economia e o desenvolvimento de suas comunidades.
Karaum Paru Cultivado por 78 famílias das aldeias Terrawangã, Guary-Duan, Itkoum e Maricá, o Karaum Paru é um chocolate leve com 53% de cacau e cupuaçu desidratado, equilibrando acidez e doçura.
Yudjá Produzido por 92 famílias das aldeias Mïratu, Iya-Pukaká, Lakariká, Pupekuri, Jaguá e Paquiçamba, o Yudjá contém 63% de cacau, manteiga de cupuaçu e mangarataia, oferecendo um sabor intenso e apimentado.