Indígenas temem o Covid-19 levado por missionário evangélico, à aldeia

Os povos indígenas temem a proliferação pelo coronavírus, o Covid-19, com a entrada de missionários das igrejas evangélicas na região do Vale do Javarí – foto: arquivo/divulgação

Lideranças indígenas do Vale do Javari, no Amazonas, estão recorrendo à Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal para evitar a entrada de um missionário que já estaria se preparando para ir ao interior da Terra Indígena Vale do Javari em direção a aldeias de grupos sem contato.


Eles temem a proliferação de coronavírus, o Covid-19, com a entrada de não indígenas que não respeitam os protocolos adotados pelos órgãos de assistência aos povos indígenas.

————–

“Os povos indígenas temem a proliferação da doença pelo coronavírus, o Covid-19, com a entrada de missionários das igrejas evangélicas na região do Vale do Javarí onde, nos últimos anos, foram registradas várias endemias com mais de 300 pessoas mortas, em dez anos.”

————–

A Coordenação da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denuncia que um missionário evangélico norte americano, que já entrou na área outras vezes sem comunicar as lideranças e a Funai, estaria organizando expedição para encontrar indígenas sem contato.

“Pelas informações dos próprios indígenas já existe uma logística toda elaborada para acessar os isolados do Lambança, um Igarapé localizado no interior do Vale do Javari”, diz a Coordenação da Univaja em documento encaminhado às autoridades.

Crianças e idosos são os mais vulneráveis das aldeias do Vale do Javarí – foto: divulgação

Em outro trecho do documento a coordenação da Univaja diz ainda que “o missionário tem cooptado indígenas para realizar as expedições ao interior da Terra Indígena, desafiando todos os protocolos de prevenção, além das próprias diretrizes que ordenam essa questão, em detrimento da integridade física e territorial dos índios em isolamento voluntário”.

O missionário a quem os líderes indígenas se referem seria o estadunidense Andrew Tonkin, pastor, segundo eles, da organização missionária evangélica “Frontier Intenational”. Os indígenas dizem que ele vem promovendo reuniões com outros indígenas em Atalaia do Norte com objetivo de convertê-los e ao mesmo tempo de organizar a expedição.

Em pelo menos duas ocasiões a Univaja se manifestou contra a entrada do referido missionário. Em 2014 o pastor Andrew, como é conhecido, teria entrado na Terra Indígena alcançando a comunidade Marubo Boa Vista.

Em setembro do ano passado os indígenas o identificaram juntamente com outros missionários no igarapé Lambança, afluente do rio Itacoaí. A coordenação da Univaja naquela época denunciava que os invasores teriam ingressado na T.I caminhando por terra durante sete dias.

Grupos religiosos

Em plena campanha para isolamento como forma de evitar o contágio do coronavírus a insistência de grupos religiosos fundamentalistas de entrar em terra indígena, sobretudo com finalidade de chegar aos índios sem contato, sem respeitar os protocolos adotados pela Funai e Sesai, é considerada pela Coordenação da Univaja como “irresponsável e criminosa”.

Na Terra Indígena do Vale do Javari foram registradas nos últimos anos várias endemias que já mataram mais de 300 pessoas em dez anos. A mais letal tem sido a de hepatite tipo “B”, de acordo com os indígenas e profissionais da área de saúde.

Assessoria Regional Norte I, do CIMI

Artigo anteriorMoto Honda da Amazônia coloca 7 mil trabalhadores de férias coletiva
Próximo artigoIntegrantes do governo admitem que Bolsonaro testou coronavirus positivo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui