Insegurança, valorização e medo – por Odirlei Araujo

Odirlei Araujo
Odirlei Araujo
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Nesta semana em que muitas pessoas estão em clima de festa pelas comemorações do carnaval, a maioria de nós, trabalhadores da Segurança Pública estamos envolvidos no árduo trabalho de garantir proteção enquanto outros  se divertem. Não que isso nos cause algum mal estar. A questão é bem o que foi colocado nos artigos anteriores de Moacir Maia e Renato Bessa.


Pensar que enquanto muitos se divertem, outros estão aí para fazer o mal nos faz chamar a atenção dos pares e dos mais próximos e assim fazer chegar aos ouvidos das autoridades constituídas a necessidade de olhar para os profissionais da Segurança e dar a estes garantias de trabalho dignas e condições para que possam sentir-se no mínimo seguros quando em serviço e fora dele.

Enquanto a criminalidade avança em poder de fogo e tecnologia, nós ficamos expostos às instalações precárias, veículos sucateados, equipamentos eletrônicos ultrapassados e sem funcionamento no mínimo adequado. Esses e outros fatores nos colocam em constante situação de preocupação e medo do que possa nos ocorrer, ou mesmo aos nossos familiares, uma vez que nosso trabalho incomoda terrivelmente os homens maus.

Em muitas situações de trabalho, são os afetos, tais como o medo, o desejo, a agressividade, a expectativa entre outros, que determinam o comportamento da pessoa. As frustrações e as carências dos trabalhadores, independentemente da sua origem, podem se expressar por meio do desinteresse pelo trabalho, da insatisfação ou da baixa produtividade.

Muitas organizações continuam com uma visão parcial dos seus colaboradores porque desprezam as emoções. Os desejos e as frustrações vivenciados em situações de trabalho são manifestados de alguma maneira, podendo desencadear inúmeras situações constrangedoras.

Dificilmente o funcionário de uma empresa conseguiria convencer seu chefe com a justificativa de que não foi trabalhar por estar angustiado. Mas, quando a manifestação passa a ser somática, ou seja, quando o corpo dá sinais claros de que se está doente, aí sim o outro se convence disso. Entretanto, o serviço prestado por um funcionário angustiado é imensamente mais danoso do que sua ausência temporária.

Dessa forma, o medo consciente ou inconsciente afeta nossas vidas pessoais e profissionais e a constante sensação de insegurança de nossa parte, nós que somos os responsáveis pela segurança social vêm muitas vezes a prejudicar o serviço que prestamos e até nossas convivências, profissional, social e familiar. É preciso, repito, que as autoridades constituídas em todos os níveis e posições garantam aos trabalhadores da Segurança Pública, a sensação de segurança.

Seguindo a linha de raciocínio e pegando a deixa do Presidente Moacir Maia, gostaria de endossar sua posição final em que diz que “somente com uma força de segurança valorizada teremos uma sociedade segura”. É bem verdade, assim como, a sociedade começa no seio familiar e é também no seio familiar que encontramos o melhor exemplo do que pode ser chamado de valorização do profissional da Segurança Pública, uma vez que nossos pais, irmãos, esposas, esposos e filhos nos dão o real valor.

Investir em melhores condições de trabalho, em instalações prediais decentes, em veículos bons para o trabalho e em quantidade satisfatória, em escalas humanizadas, em tratamento igualitário e respeitoso entre as partes, ressalvando-se a hierarquia. Equipamentos eletrônicos e armamentos operacionais, promoção automática, adicional noturno e periculosidade, além de salários mais justos e compatíveis com a formação acadêmica, seguramente seriam motivadores e demonstrativos da valorização dos Policias pela classe governante.

Quanto à sociedade vimos como necessário que a Secretaria de Segurança faça campanhas de valorização da imagem das forças de segurança a ela subordinadas a fim de que a sociedade nos veja sempre como anjos guardiões, como aliados diários e com quem ela sempre pode contar. Assim também, que a imprensa diminua a ênfase que dá a facções criminosas quando noticia fatos e suspeitos a estes ligados. Isso faz deles mais fortes e temidos pela sociedade.

A pergunta sobre o que o SINPOL-AM está fazendo além de opinar sobre o tema deve estar brotando. Pois bem. O SINPOL-AM vem há muito tempo trabalhando na defesa e valorização do Trabalhador da Policia Civil do Amazonas. Não foram poucas as ações em seu 25 anos de existência como sindicato. Na atualidade estamos vencendo dificuldades para alcançar êxito nas reivindicações que há tempos também nos vem sendo negadas ou negligenciadas, mas a luta continua e estamos avançando em outras frentes enquanto resolvemos pendências.

Estamos desenvolvendo e logo estaremos executando os projetos Meu Próximo Trabalho, para os aposentados; a conclusão da obra da academia e centro poliesportivo do Clube do policial Civil, reforma geral da piscina, ampliação da área de lazer. Promoção de eventos alusivos a datas comemorativas como os dias da mulher, das mães, do Policial Civil, do trabalhador, dos pais, dentre outros e a constante busca por melhores condições de vida como o projeto do Condomínio da Policia Civil para que vivendo em comunidade possamos nos sentir mais seguros, visto que juntos nos protegemos.

Por fim. A insegurança nossa de cada dia nos causa medo, a valorização do Policial é o nosso desejo, e ambas as coisas andam juntas e por andarem juntas nos movem a escrever nossos manifestos em favor de nossos trabalhadores, de nossas famílias e de nossa sociedade.

“Sinto no meu corpo a dor que angustia, a lei ao meu redor, a lei que eu não queria…”  (Titãs)

*Odirlei Araujo é Bacharel em Ciências Econômicas,  presidente da AEPOL e Vice-Presidente do SINPOL-AM.

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