
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela confirmou ao Itamaraty que o brasileiro Jonatan Diniz, preso em 26 de dezembro, está em uma instalação de órgão de segurança local. A chancelaria local também informou às autoridades brasileiras que o homem de 31 anos se encontra em bom estado de saúde.
Segundo o Itamaraty, a Embaixada do Brasil em Caracas reiterou seu pedido de autorização para realizar uma visita consular ao brasileiro, que poderia ocorrer nas próximas horas.
Jonatan viajou à Venezuela na metade de dezembro para organizar uma campanha de doações para crianças carentes. Sua detenção foi anunciada em televisão nacional pelo braço-direito do presidente Nicolás Maduro, Diosdado Cabello.

O deputado da Assembleia Constituinte afirmou que o brasileiro integrava uma organização que postava conteúdo aintigoverno nas redes sociais e que a CIA estaria envolvida nas supostas atividades contra o chavismo. A família de Jonatan negou as acusações. “É cada coisa ridícula que eles inventaram para ter motivo para prender”, afirmou o irmão do gaúcho, Juliano Diniz a VEJA.
O Itamaraty não confirmou em qual órgão do governo venezuelano Jonatan está detido. Porém, a ONG Foro Penal Venezuelano, de direitos humanos no país, informou à família do brasileiro que ele está preso no centro de detenção do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), em Caracas.
Doações
Jonatan viajou para Caracas levando brinquedos, camisetas e bonés que pretendia distribuir para crianças carentes durante o Natal. Suas doações foram retidas no aeroporto, mas ainda assim, segundo seu irmão, o gaúcho conseguiu realizar uma festa beneficente.
“Ele falou com a minha mãe pouco antes de ser preso e disse que estava feliz porque conseguiu fazer doações para 600 crianças e organizar um café da manhã”, conta seu irmão. Em sua conta no Instagram, o brasileiro publicou fotos e vídeos de sua estadia na Venezuela.
Jonatan é natural de Ijuí, no Rio Grande do Sul, e formado em design gráfico. Mora atualmente em Los Angeles, nos Estados Unidos, de onde viajou para a Venezuela.
Sua família suspeita que as postagens críticas que Jonatan fazia em suas redes sociais ao governo de Nicolás Maduro podem ter motivado sua detenção. “A estratégia política venezuelana acabou pegando uma pessoa que estava tentando fazer o bem lá no meio”, diz Juliano. “Ele foi ingênuo em se posicionar contra o que estava vendo”.
Diplomacia
As informações sobre a localização de Jonatan e seu estado de saúde foram as primeiras divulgadas pelo Itamaraty desde sua prisão. Até esta sexta o governo da Venezuela vinha se recusando a dar informações pelos canais oficiais sobre o brasileiro, contrariando a Convenção de Viena sobre Relações Consulares.
Na quinta-feira, em nota oficial, o Itamaraty havia solicitado às autoridades venezuelanas que respondessem rapidamente aos “diversos pedidos de informação sobre a localização de nosso compatriota e sua situação jurídica, bem como de visita consular, cursados nos termos das convenções internacionais e de acordo com as obrigações assumidas pelos dois países à luz do direito internacional”.
Fonte: Veja