Fla x Flu abre decisão no Rio com duas gerações de técnicos, após 22 anos

Abel e Zé Ricardo, a velha e nova geração de técnicos/Foto: Divulgação

Do lado rubro-negro, um representante da nova geração de técnicos em destaque. Do tricolor, um remanescente das antigas que soube se reinventar como poucos. Donos das duas melhores campanhas, Zé Ricardo e Abel Braga chegam à final carregando bagagens opostas, mas prontos para reescrever um capítulo decisivo do Fla-Flu no Campeonato Carioca após 22 anos. Desde o famoso gol de barriga em 1995 que os rivais não disputam a taça entre si.
Dá quase o mesmo tempo de diferença de idade entre os treinadores. Abelão chega à quarta final de Carioca como treinador. Jamais perdeu. Zé disputa sua primeira decisão. A bola rola às 16h (de Brasília), no Maracanã. Mais de 20 mil ingressos já foram vendidos. O segundo jogo será no dia 7 de maio.


– É um grande espelho para mim. É uma satisfação muito grande fazer parte deste momento. Já nos enfrentamos na final da Taça Guanabara. Acho que é a 24ª ou 25ª final da carreira do Abel, podia deixar um para mim (risos) – disse Zé Ricardo, de 45 anos.

Abel e Zé Ricardo, a velha e nova geração de técnicos/Foto: Divulgação

Abel prevê sucesso para Zé Ricardo. Cascudo, ele também lembra do seu início de trajetória como técnico e suas primeiras decisões atuando do lado de fora do gramado. Com bom humor, deseja que os títulos cheguem para o colega rubro-negro, mas não agora.

– As coisas vão acontecer com naturalidade para ele, pode ter certeza. Quem sabe não acontece com ele o mesmo que aconteceu comigo? No segundo ano como treinador já fui campeão pernambucano pelo Santa Cruz. Quem sabe ele também não consegue encher a parede de medalhas? Alguns demoram mais, outros menos. Mas esse é o caminho. Quem é bom sempre chega. Só espero que não chegue agora, pode esperar um pouco mais (risos) – respondeu Abel, de 64 anos.

Abel ganhou o Carioca pela última vez em 2012; Zé estava no sub-15

O respeito entre ambos vai além do discurso. Uma cena marcante ocorreu no clássico da Taça Rio, disputado em Cariacica. Antes do empate em 1 a 1, Abel fez questão de esperar Zé Ricardo na entrada do gramado para pedir desculpas pessoalmente ao técnico rubro-negro por escalar um time alternativo no confronto.

O último título estadual de Abelão foi em 2012, como treinador do Fluminense. Há cinco anos, Zé Ricardo ainda estava distante da responsabilidade de comandar o time principal rubro-negro. Iniciava a trajetória como técnico das divisões de base sub-15 do clube. Dois anos depois, assumiria o sub-20. Quando Abel foi campeão mundial com o Internacional em 2006, Zé ainda era técnico de futsal.

– Meu observador técnico fez curso com o Zé na CBF e sempre falou muito bem. Quando você escuta coisas boas de um rapaz novo como ele é muito legal. Ainda mais em uma equipe boa como o Flamengo. Desde que ele assumiu, foram poucos resultados que chatearam o torcedor. Ele bota o Flamengo em um futebol moderno, sempre no campo ofensivo. Poucas equipes fazem isso. Ai surge o dilema: vamos esperar para usar o contra-ataque ou vamos fazer marcação alta? – analisou Abel.

Apesar dos elogios, os dois técnicos se conheceram há pouco mais de dois meses, na final da Taça Guanabara. Aquele primeiro embate entre Zé Ricardo e Abel foi marcado por um jogo emocionante de seis gols. Após o empate em 3 a 3 , o Tricolor levou a melhor nos pênaltis.

Como chegam os dois times?

Zé Ricardo chega com seu time invicto no estadual. Mesmo sem ter ganho os títulos de turno, a equipe não foi derrotada no Carioca e chega com o melhor ataque, com 36 gols marcados até aqui. Agora, o Flamengo vive a semana que pode decidir o primeiro semestre.

Na quarta-feira, o time perdeu por 2 a 1 para o Atlético-PR pela Libertadores. No meio da próxima semana, receberá o Universidad Católica em outro jogo decisivo. Ainda sem Diego, Zé Ricardo pode ter a volta de Everton, que está à disposição. O técnico não descartou poupar peças de olho no torneio continental. Na zaga, Donatti deve seguir fora, e Rafael Vaz atuando como titular. Suspenso na Libertadores, o colombiano Berrío também é outra opção para o Rubro-Negro tentar surpreender o Flu.

Já o Flu de Abel vive uma lua de mel particular com a torcida. Depois de um fim de temporada melancólico em 2016, com direito a sequência de dez jogos sem vencer no Brasileirão, o Tricolor recuperou o que o técnico prometeu em sua apresentação: alma.

Disputando atualmente quarto torneios, o Flu está vivo em todos. É finalista do Carioca, está nas oitavas de final da Copa do Brasil, nas quartas da Primeira Liga e tem classificação bem encaminhada na primeira fase da Sul-Americana. Sem falar no segundo melhor ataque entre os clubes da Série A com 55 gols em 25 jogos, média de 2,2 por partida. A equipe já está confirmada sem surpresas. Henrique Dourado volta ao time titular.

FLUMINENSE X FLAMENGO

Data e horário: domingo, às 16h00 (de Brasília) – 15h00 de Manaus
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.

Escalação do Flu: Diego Cavalieri, Lucas, Renato Chaves, Henrique e Léo; Orejuela, Wendel e Sornoza; Wellington Silva, Richarlison e Henrique Dourado.
Desfalques do Flu: Gum e Gustavo Scarpa, ambos em recondicionamento físico após lesões.

Escalação provável do Fla: Muralha, Pará, Réver, Rafael Vaz e Trauco; Márcio Araújo, Rômulo e Willian Arão; Everton (Renê), Gabriel (Berrío) e Guerrero.
Desfalques do Fla: Diego (recuperação após cirurgia no joelho) e Ederson (em fase de recondicionamento).
Arbitragem: João Batista de Arruda, auxiliado por Rodrigo Figueiredo Henrique Corrêa e Wagner de Almeida Santos.

Artigo anteriorQuarenta anos depois Corinthians e Ponte Preta iniciam nova decisão
Próximo artigoConceição Sampaio: pedido de eleitores influencia voto contra a PL 6787

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui