Ladrão não tem ideologia – por Ademir Ramos

Para o poeta Carlos Drumond de Andrade, o nojo desta gente é contagiante com a "mão escondida no corpo espalhava a seu escuro rastro.
Para o poeta Carlos Drumond de Andrade, o nojo desta gente é contagiante com a “mão escondida no corpo espalhava a seu escuro rastro.

No Estado de Direito, as forças populares devem, necessariamente se afirmar nas tomadas de decisão como Agente da Justiça, em cumprimento aos preceitos constitucionais e em respeito aos poderes republicanos. O exercício desta prática qualifica seus atores organizacionais como instrumentos de controle social a exigir dos operadores do Direito decisões que combatam a impunidade, dando cabo dos corruptos, aqueles políticos que assaltam a economia popular, manipulando verbas e superfaturando obras públicas para se locupletar com propinas, valores e bens surrupiados da boca do povo. Os ladrões do povo, quando não combatidos imediatamente semeiam a impunidade, o descredito e buscam de toda forma desqualificar as instituições democráticas para tripudiar tal como faz o lobo com suas presas.
A organização e os movimento populares devem se aparelhar para este enfrentamento, a começar pela pressão pública contra as decisões corporativas da Corte, bem como, alertar também a sociedade civil para o poder que os ladrões do povo acumulam e concentram, principalmente quando se escudam em mandatos populares seja no parlamento ou a frente do poder executivo.A luta pela corrupção deve ser em ato continuo, perpassando as estruturas de poder do Estado e da própria sociedade, não dando tréguas a este combate, buscando na Justiça resposta rápida e eficaz.
Em se tratando da Política de Estado, os candidatos em conluio com os seus partidos, armam-se para assaltar o Estado apoderando-se da riqueza do povo. Contudo, saiba que a porta de entrada desses viciados e maledicentes são as eleições. Neste momento, como todo picareta escolado, o político arrogante torna-se servil ao povo; o autoritário passa-se dizer que é a favor do diálogo; o boçal torna-se popular, beijando criancinha e abraçando os idosos; não satisfeito busca de todo mudo identificar-se com o povo deixando se chamar de cara para afirmar como o senhor do mandato popular.
O cara de pau parte pra cima e de forma arrebatador faz de tudo para atropelar a ordem constituída, buscando a todo custo a consecução de seus objetivos pela força. O povo já sabe quem é ele, conhece a sua trajetória burguesa, o seu comportamento mimado, toda vez que é contrariado solta fogo pelas ventas acusando seus oponentes aos gritos capazes de acordar multidões. Com as mulheres nem se fala, as suas relações são conflituosas e com isso não se respeita, fazendo com que o povo nas urnas responda com coragem pela sua não candidatura, dando basta ao seu modo medonho de governar.
O ladrão do povo não tem ideologia e não merece o perdão popular porque suas mãos estão sujas. Para o poeta Carlos Drumond de Andrade, o nojo desta gente é contagiante com a “mão escondida no corpo espalhava a seu escuro rastro. E vi que era igual usá-la ou guardá-la. O nojo era um só.” Mas, para limpá-la não basta água e sabão é preciso que se faça Justiça e que o ladrão seja banido da vida pública pelo voto popular para o bem e a felicidade da nossa gente..
*Ademir Ramos é professor da Universidade Federal do Amazonas, criador e professor do curso de Ciências Sociais, formado em Antropologia, coordena o Núcleo de Cultura Política da Ufam.


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