Leopoldina

Luiz Lauschner Escritor e empresário

Em julho de 1824, passados apenas vinte e dois meses da independência do Brasil aportaram no sul do Brasil os primeiros imigrantes de origem germânica, com o patrocínio do governo brasileiro. Isso exige uma explicação mais detalhada porque não consta nos livros de história. A princesa Leopoldina, Austríaca de nascimento e imposta como esposa a Dom Pedro I, veio ao Brasil cumprir sua função. Quando ela chegou ao Brasil, já casada com D Pedro I por procuração, dizem que causou uma comoção geral. Não tinha aparência de princesa e sim de uma matrona germânica de poucos dotes físicos. Embora fosse obesa, tinha um lindo rosto e era de uma cultura muito acima das mulheres, mesmo nobres, da época.


Vendo a imensidão das terras no Brasil, ela começou a articular a vinda de europeus para o Brasil. Na época, o velho continente sofria de pobreza e até fome, resultado de um sistema feudal que não estimulava a produção. O sonho da princesa em trazer seus conterrâneos começou a ganhar corpo e os primeiros imigrantes vindos da Áustria e da Alemanha chegaram em Porto Alegre em 25 de julho de 1824. Depois disso, regularmente, por cerca de cinquenta anos vinham navios da Europa trazendo agricultores. Italianos e poloneses também foram beneficiados pelo patrocínio do Brasil Império.

Hoje, passados 191 anos, o resultado da ideia da princesa Leopoldina mostra seus resultados. Há mais de trinta e cinco milhões de pessoas no Brasil que ainda usam seu nome de família de origem germânica, italiana, polonesa ou outras. Todos, mesmo os que ainda cultuam a língua e outros costumes culturais, se tornaram bons brasileiros.Muitos deles ocupam altos cargos na hierarquia da nação ealguns comandam grandes empresas fundadas por seus avós.

No dia 25 de julho, nos estados do sul, comemora-se o dia do colono, em homenagem aos primeiros imigrantes trazidos para cá por declararem ter esta profissão. Aliás, declaração obrigatória para obter a passagem com a família para o Brasil. Os católicos também festejam o dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, neste mesmo dia. Contudo, a data deveria ter uma especial atenção por parte das mulheres. Foi o primeiro grande ato de uma mulher, nada bonita, traída por seu marido, culta e nobre de berço e de atitudes.

Os imigrantes vindos ao Brasil, não tinham o perfil de escravocratas, uma vez que jamais utilizaram mão de obra escrava nas lavouras que criaram. Eram trabalhadores da terra e a esta exploraram e desenvolveram. As leis da Princesa Isabel, neta de Leopoldina, que beneficiaram aos escravos negros, portanto não chegaram a beneficiar àqueles vindos com o subsídio do governo brasileiro. As mulheres que exerceram alguma função pioneira no passado sabem que não deve ter sido nada fácil para estas duas fazerem o que fizeram. O universo masculino considerava a mulher como uma companheira, que, de preferencia andasse alguns passos atrás do marido e que servisse como matriz reprodutora. Até mesmo a homenagem que os agricultores prestaram a ela foi machista: O nome da cidade de São Leopoldo. Poderia ter sido Leopoldina.

Por isso, neste mês de julho, vamos lembrar os atos da princesa Leopoldina que não se limitaram a uma ação temporária, mas que perduram até hoje.

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