Liberdade – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

De repente nós nos beijamos! Um ato final depois de adoráveis conversas sobre obras literárias e de sorrisos gostosos. Dali pra frente a nossa vida foi uma combinação de pecados, santidades, sonhos, felicidades, realizações, ousadias, fraternidades e inquietudes.
Uma mulher amorosa, inteligente, bonita, doce, religiosa e muito solidária. Nasceu numa família muito humilde, mas com muita perseverança formou-se em Letras e mais tarde em Direito. A sua mãe era o exemplo que ela seguia, uma senhora simples que levava a vida sorrindo mesmo nas dificuldades e, acima de tudo, carregava Deus no coração e nas atitudes.


Fiquei encantado pela capacidade de ser decidida, pela forma carinhosa como olhava e fazia carícias em mim, por acreditar sempre nas pessoas e desejar vida melhor para todos. Com ela, aprendi o significado de amar com responsabilidade e ser um homem afável.

Moramos juntos. Escolhemos a nossa casa. Pintamos o nosso lar com cores alegres. Plantamos o pinheiro mais lindo da região. Não faltou o pé de coco, além de gramas e de flores vermelhas na decoração do jardim. Ficávamos felizes toda vez que uma nova flor brotava e o pinheiro crescia.

Esteve comigo quando eu adoeci. Deu-me amor. Só não entrei numa depressão porque ela estava lá, mesmo remando contra a maré da vida e as incertezas de um futuro ao meu lado.

Carlos Santiago é Sociólogo, analista político e advogado.

Entre nós os clichês amorosos se transformavam em promessas de um amor eterno. Nossos beijos e olhares sempre selavam uma carta aberta à vida amante. Seu amor tinha ares de incondicional. Perto dela eu era livre. Viver ao seu lado, minha felicidade.

Tempo, tempo, tempo, tempo, és um ditador. Corróis as certezas, desgastas o Olimpo das boas emoções, fragmentas as relações amorosas. Vazio, angústia, meu ser pedia liberdade. Mas que liberdade? Solidão. Queria algo mais. Nem sei pra quê.

A liberdade está sempre presente na vida de qualquer pessoa, expressando significados diversos no tempo, no espaço, no coração e no conhecimento humano. Uma passagem bíblica diz que a verdade é a “chave” para alcançar a liberdade e que Deus é a verdade, pois ele é criador de tudo: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Por outro lado, a filosofia sartriana evoca o fim de Deus, enquanto crenças divinas, para que o ser humano conquiste a liberdade: “não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos no guiar. E isto torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas”.

Nem sei se existe de fato liberdade no mundo social ou na vida natural do ser humano. Viver coletivamente é obedecer regras morais e leis; a vida isolada, mesmo numa ilha, requer obediência aos ditames da natureza. Tudo isso é um eterno dilema e move os conflitos humanos.

Pois bem, ficamos algum tempo distante, seguindo cada qual seu caminho. Agora, ela acaba de completar 52 anos de idade e tudo isso veio à minha mente. Acho que fui um homem de sorte por tudo que aprendi com ela.

Hoje, já com fios de cabelos brancos e rugas no rosto, continuo tentando entender o espirito de liberdade que ainda existe dentro de mim, mas já consigo administrar. Aprendi que o melhor caminho é a conciliação entre a liberdade nas suas mais diversas conceituações e o amor, isto sim, é ser livre.

Carlos Almeida é Sociólogo, Analista Político e Advogado

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