
Pela primeira vez, um membro da etnia Ye’kuana conquistou o título de mestre no curso de Geografia da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Castro Costa da Silva desenvolveu o projeto com a bolsa do Observatório da Educação, da Fundação Capes.
A dissertação de Silva discutiu as transformações socioespaciais das comunidades indígenas Ye’kuana e Sanumã na região de Auaris (RO). A pesquisa se debruçou sobre os problemas dessas comunidades diante da escassez de recursos naturais.
Silva defende em seu trabalho que a mudança de hábitos dessas comunidades indígenas, que passaram a ser gregárias, comprometeu a caça, a peca a fertilidade do solo.
Segundo ele, a oferta de serviços públicos como postos de saúde e escolas atraíram as comunidades. Para a pesquisadora Maria Bárbara de Magalhães, o trabalho de Silva contribui para explicar diversos conflitos de terra na região. “O estudo conseguiu elucidar a situação que leva a conflitos no uso dos recursos naturais [caça, pesca, locais para roça]”, ponderou.

Para o geógrafo, os povos indígenas do Brasil tiveram ampliado seu acesso à educação a partir dos anos 2000, por meio de iniciativas de reserva de vagas. “Atualmente sou mestre e o que me garantiu essa conquista foi a bolsa do Obeduc”, afirmou o pesquisador.
Para Maria Bárbara, a abertura de espaços específicos para a formação de alunos indígenas foi decisiva para consolidar a oferta de oportunidades. “Sempre nos deparamos com vários pesquisadores interessados em estudar os índios, porém existia pouca abertura para que esses indígenas realizassem suas próprias pesquisas. Com a criação de institutos como o Insikiran, na UFRR, os alunos indígenas podem promover um diálogo sobre outras formas de ver, pensar e viver no mundo”.
Fonte: Notícias ao Minuto