O Brasil das cavernas – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

Há cavernas nas mentes e nos corações de milhões de brasileiros. Num país onde a verdade é caolha ou quase sempre dolorosa para muitos, é mais fácil buscar a negação das verdades e aceitar as mentiras e as ilusões do que erradicar as enormes crateras que estão há séculos no nosso subterrâneo mental. O negacionismo da realidade, a falta de vontade de encarar o mundo sem falsidades perpassa todos os setores da vida social, cultural e econômico. Trata-se de bem nacional quase inalienável.


A política institucional é em determinado aspecto uma negação dos verdadeiros objetivos de um país e de uma nação. A política deixou de ser a busca do bem comum (se é que algum dia o foi), do interesse coletivo e da soberania. Não há alteridade nem independência e, sim, muita submissão. Enfim, nega-se a própria política.

Há muita negação nas relações sociais. O papel secundário da mulher na vida política e econômica. Negam… negam.. e não olham para as ruas, para as suas casas e para os vizinhos. Onde reside a verdade. Postura de agressões, exclusão e até atos desumanos. Mas negam…negam em versos e prosas.

Os olhos caolhos não veem o racismo. “Somos um País de todos; ” “Deus está acima de tudo”, são frases negacionistas que buscam mascarar a verdade. Olhem os números do desemprego, da situação dos negros. Há muita desfaçatez. Gritam: o Brasil é um país de homens livres! Na verdade, estamos enclausurados, nas cadeias e nas casas, os que têm casas. Negam! Negam! Decantam que somos um “país tropical e bonito por natureza”, mas só beleza? Farsa! Somos um país de esfomeados e de doentes. Há miséria em todos os recantos dessa triste pátria. Olhem os números. Olhem a sua volta.

Afirmam que a violência é somente leitura de jornais, cometida por pessoas bárbaras, sem instrução educacional. Que a classe abastada é pacífica. Nela só há glamour, heroísmo, beleza e um comportamento social exemplar. Tudo mentira! Negam! Negam algumas causas de tanta violência social: a falta de educação, saúde, segurança, trabalho e todos os demais bens constitucionalmente assegurados que o Estado brasileiro deveria partilhar igualitariamente, e que não passa de uma farsa legal.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

Há tradição da violência nas periferias, tudo de ruim vem de lá. Que mentira! As cavernas mentais aplaudem, vibram e o país segue de olhos vendados.

Escritas sobre pactos sociais irrealizáveis. Pactos culturais. É mais fácil engolir essa mentira. O difícil é entender que o ser humano está destruindo o planeta, o meio ambiente. O único ser que destrói o planeta. É só olhar ao nosso redor, a nossa história, o nosso egoísmo, a nossa ganância. Somos destruidores de nós mesmo e de outros animais.

Enquanto milhares de brasileiros estão morrendo de Covid-19, há outros milhões que negam o perigo viral. Deixam a vida de todos em perigo. Tem espírito de normalidade na cabeça num Brasil que está na caverna, onde o saber científico não responde o interesse, lugar que reina a ignorância como norteadora do passado, do presente e do futuro.

O Brasil um dia sairá da confortável caverna, será de fato um País. Fraterno e de futuro se encarar as verdades sociais e políticas como problemas humanos. Possíveis de serem resolvidos.

Os brasileiros devem abandonar suas cavernas e enfrentar as verdades sociais e políticas nesta complexa contemporaneidade.

O salto histórico de superação ao atraso político, econômico e social do país deve ser compromisso de todos rumo à civilização, rumo à modernidade.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

Artigo anteriorPico de covid-19 no Estado não impede festas em Tefé
Próximo artigoDos Projetos de Lei aprovados na Aleam, 12% são de combate ao coronavírus

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui