O Brasil pode ter mais um santo no altar católico

Místico, ele tinha visões durante a missa, o que lhe fez a fama.
Místico, ele tinha visões durante a missa, o que lhe fez a fama.

O Brasil não é tido como um País aplicado na advocacia dos santos. “Talvez por já considerarmos Deus brasileiro”, brinca Fernando Altemeyer Jr. O fato é que a lista dos canonizados – Madre Paulina, Frei Galvão e agora José de Anchieta – é pequena demais para uma nação com cerca de 120 milhões de católicos. Ainda assim, o trio abre espaço para novos santos nos altares.


Com Anchieta, renovam-se as expectativas em torno do padre João Batista Reus (1868- 1947), jesuíta radicado em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, de origem alemã. Místico, ele tinha visões durante a missa, o que lhe fez a fama. O processo de beatificação, aberto em 1953, alimenta uma devoção que chega até a Argentina.
Há pelo menos 60 causas brasileiras em tramitação, a maioria em fase diocesana, que é local, precedendo a fase romana. Dentre elas, encontram-se nomes alavancados pela devoção dos fiéis – caso da baiana Irmã Dulce (1914-1992), forte candidata à próxima canonização.
Outros despontam com forte apoio da hierarquia católica. Como o ex-arcebispo de Mariana, em Minas, d. Luciano Mendes de Almeida (1930-2006), cuja causa foi apoiada quase por unanimidade pelos bispos da CNBB, em abaixo-assinado a Roma. “Já temos notícias de graças alcançadas, vamos investigar”, informa o monsenhor Roberto Natale, da Arquidiocese de Mariana. “Mas, talvez, o papa dispense os milagres, tal a força dos testemunhos da santidade de d. Luciano.” Documentos mostram que ele também foi convocado por João Paulo II, para mediar conflitos. Numa dessas oportunidades, representou o Vaticano no Líbano.
Talvez o caso mais complexo seja o do padre Cícero Romão Batista (1844-1944), há muito tratado como santo, numa devoção nacional. Padre Cícero foi suspenso das ordens religiosas em 1891, num enredo de intrigas pessoais e políticas no Ceará, quando defendeu o “milagre de Maria Araújo” – a beata negra e pobre que vertia sangue pela boca ao receber a hóstia.
O que se tenta, hoje, é a reabilitação do padre junto à Congregação para a Doutrina da Fé. Beatificação e canonização, só depois de vencida essa etapa. Em 2001, por solicitação do então cardeal Ratzinger, o processo foi reaberto. E, já como Bento XVI, Ratzinger continuou interessado na causa. Tanto que uma comissão de Juazeiro do Norte levou a Roma, em 2006, 11 volumes com cópias de toda a correspondência do religioso, dos processos movidos contra ele e seus desdobramentos.
“Aguardamos de Roma um pedido de informação suplementar, algo que indique que o processo anda”, diz o padre Francisco Roserlândio, da Diocese do Crato. Neste ano, comemoram-se os 170 anos de nascimento e os 80 anos de sua morte, 100 anos de morte de Maria de Araújo e 100 anos da diocese. “Mas os tempos de Roma são outros”, suspira Roserlândio. / L.G. (Estadão)

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