O que o evento de posse do Lula diz sobre o governo que ele pretende seguir? – por Marcos Salles

Marcos Salles, especialista em marketing político. Créditos: divulgação

O grupo da equipe de transição responsável por organizar a cerimônia de posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tem divulgado nos últimos dias ações que acontecerão no evento. Denominada de “Festival Brasil do Futuro – A Alegria Vai Tomar Posse”, a cerimônia terá shows de artistas como Pabllo Vittar, Geraldo Azevedo e Gaby Amarantos, além de outros 27 nomes já confirmados, que são, em sua maioria, ativos em movimentos sociais e defendem os direitos humanos.


Outro ponto considerado para o evento é a inclusão. Janja Silva, coordenadora da equipe de organização e futura primeira-dama, divulgou em coletiva de imprensa que, a pedido de representantes de pessoas autistas, existe a possibilidade dos fogos de artifício serem silenciosos ou mesmo não serem utilizados. Além disso, o grupo estuda junto ao cerimonial do Senado, responsável pelo rito militar, uma alternativa mais silenciosa para a salva de canhão, em que são simulados 21 tiros. Mas o que tudo isso diz a respeito da gestão que Lula deve implementar nos próximos quatro anos?

Lula e toda a sua equipe têm demonstrado preocupação em ouvir e atender aos anseios da população. Recentemente, em sua conta no Twitter, o presidente eleito questionou se as pessoas querem que o horário de verão retorne e qual artista querem que se apresente na cerimônia de posse. Uma tática que simboliza uma continuação do antigo gestor é a manutenção das lives semanais. Lula nunca foi muito aberto à essa interação direta, mas agora parece compreender que a comunicação precisa ser cada vez mais sem intermediários. Essas ações nos fazem refletir sobre o governo que será seguido a partir de 2023, visto que, o próximo chefe de Estado do país tem batido na tecla sobre a defesa da democracia acima de tudo, diferente de seu antecessor.

Com todo o clima de tensão que se formou no Brasil após as eleições e as poucas aparições do atual presidente, Lula tem ganhado mais força entre seus aliados e também tem criado laços com outros países. Se aproximar cada vez mais da população faz parte de um planejamento maior que tem objetivo de demonstrar, ainda mais, que governará para o povo e, principalmente, para as minorias.

Ao utilizar as redes sociais e ouvir a população em ações que pareçam pequenas, ele tem praticado a democracia em sua forma mais simples e de maneira que realmente mostre como se importa com as pessoas, que quer o bem e a união do povo brasileiro novamente. Além disso, estas medidas também despertam em seus eleitores o sentimento de pertencimento, de estarem, de alguma forma, ajudando nas decisões políticas que impactam no país.

Sentimento esse que é muito explorado pelo bolsonarismo, mas por outras vias. Ao bolsonarista foi criada uma ilusão de que o poder está em suas mãos, quando na verdade ele é apenas uma massa de manobra para objetivos escusos de seus “líderes”. O que Lula parece intencionar com suas primeiras ações é, mais do que aparentar ceder o poder, de fato permitir que esse poder seja compartilhado a várias mãos.

Marcos Salles é advogado, mestre em gestão pública pela FGV, consultor e um dos fundadores da BaseLab. Co-fundador de uma das primeiras casas colaborativas do Brasil, a GOMA. Fez parte da equipe do projeto coletivo em torno de Micael Amarante em 2016, de um dos primeiros projetos coletivos do país e coordenou a campanha da deputada estadual, Thais Ferreira, primeira suplente do PSOL-RJ. Foi mentor de mais de 150 candidaturas de líderes RAPS.

Artigo anterior“Avatar: O Caminho da Água” chega aos cinemas UCI
Próximo artigoLadrão usando apenas calcinha é preso após invadir escola

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui