“Pacote do Veneno” foi aprovado com prioridade na Câmara dos Deputados

Governo Bolsonaro teve liberação recorde de 945 agrotóxicos - foto: recuperada divulgação

Mais uma vez o Congresso Brasileiro demonstra a todo país suas prioridades e por que a população brasileira não é uma delas. Sem diálogo com a mobilização da sociedade, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o PL 6299/2002, conhecido como “Pacote do Veneno”.


Mesmo após anos de discussão e da mensagem clara da população de que não quer mais veneno em sua comida, com 301 a favor e apenas 150 contra, o Congresso passou uma medida que irá beneficiar o agronegócio ao mesmo tempo que, para isso, rifa a saúde do povo brasileiro.

Protesto do Greenpeace Brasil no Congresso Nacional em Brasília | Foto: Bárbara Cruz/Greenpeace

PL do Veneno

“A aprovação do ‘PL do Veneno’ é escandalosa e joga um pouco da proteção que tínhamos no lixo. Hoje assistimos a mais um ataque contra a sociedade, mais veneno da Câmara dos Deputados, direto para sua mesa!”, diz Marina Lacôrte, porta-voz de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil.

E complementa:

“A maioria dos deputados votou por um modelo de produção de commodities que usa cada vez mais agrotóxicos e causa profundos impactos de saúde e ambientais. Estamos em meio a uma crise sanitária sem precedentes e o Congresso Nacional demonstra profundo descaso com a população e sua saúde. A insistência em beneficiar os lucros e interesses do agronegócio segue arrasando com o país e gerando como resultado adoecimento, desmatamento, violência e morte. Se a urgência do Congresso é facilitar ainda mais o uso de veneno no país, a de muitos brasileiros têm sido sobreviver em um cenário de pandemia e retorno da fome. E, nesse caso, a vida sempre será mais importante. Essa deveria ser a prioridade também dos parlamentares, mas o que vemos é uma total falta de responsabilidade com a sociedade e a natureza.”

PL da Grilagem

Agora o ‘PL do Veneno’ se junta aos PLs da Grilagem e do (fim do) Licenciamento no Senado Federal. E estará nas mãos do presidente Rodrigo Pacheco(PSD-MG), barrar mais esse retrocesso aprovado pela Câmara dos Deputados presidida por Arthur Lira, onde os interesses e a saúde da sociedade vêm depois de seus próprios interesses.

Principais pontos críticos do Pacote do Veneno

A aprovação do “Pacote do Veneno” transfere todo o poder de decisão de aprovação de um novo agrotóxico para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tornando praticamente consultivas partes fundamentais do processo de avaliação e aprovação, como Ministério do Meio Ambiente e Anvisa – órgãos responsáveis pela salvaguarda da saúde da população e integridade do meio ambiente.

A medida garante o registro de substâncias comprovadamente cancerígenas. Atualmente, ingredientes ativos que causam graves danos à saúde (teratogênicos, carcinogênicos, mutagênicos) são totalmente proibidos caso já tenha alguma evidência ou a partir do momento que demonstrem em novos estudos tais propriedades tidas como proibitivas. Além disso, o PL irá conferir registro temporário sem avaliação para pesticidas que não forem analisados no prazo estabelecido pela nova Lei.

O termo “agrotóxico” será substituído por “pesticidas”, numa tentativa de mascarar a nocividade dessas substâncias – se valendo ainda de um fato da realidade brasileira que é a baixa escolaridade no campo. Na prática, independente do termo, pesticida vai continuar sendo veneno e oferecendo riscos à saúde humana.

Desde o começo do mandato de Bolsonaro, o governo vem liberando um número recorde de agrotóxicos, boa parte deles sendo altamente ou extremamente tóxicos e não permitidos na União Europeia. Somente em 2021, foram 550 agrotóxicos aprovados.

Assessoria de imprensa Greenpeace Brasil

Artigo anteriorPosse de Gilmar Nascimento na CMM deve ocorrer nesta semana
Próximo artigoVagas para Supervisor de RH

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui