País de manetas – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Pela lei do Alcorão, o ladrão deve ter a mão direita decepada. Nos tempos atuais, por influência da tecnologia ocidental, a única concessão que os islamitas fazem é permitir a anestesia do braço do condenado. Suponha só o leitor se, como consequência da vitória do Islã no mundo, o Brasil fosse islamizado: acabaríamos virando um país de manetas, pois, haveria multidões com a destra decepada, de deputados, ministros, senadores, juízes, governadores ao povão analfabeto do interior.


Basta ler os jornais: a lista dos “lalaus” e assemelhados não acaba; cada dia aparecem mais em todas as camadas sociais. Se um caminhão sofre qualquer acidente nas estradas, num instante sua carga é saqueada pela população da vizinhança. Pelo visto, o sétimo mandamento do Decálogo é aqui simplesmente desconsiderado senão ignorado: as exceções confirmam a regra. Somos então um país de ladrões, pelo menos em maioria? Que o leitor responsa e não eu. Apenas quero aqui refletir em profundidade sobre os fatos assinalados quase diariamente pelos jornais e TV em matéria de furto e roubo. A ideia de propriedade nasce no homem como consequência do trabalho. Ora, nossos índios e primeiros colonizadores apenas colhiam na natureza o que precisavam para o próprio sustento: não era roubo se o mato abundante era de todos. A situação evoluiu devagar já que até os anos trinta do século XX éramos ainda um país essencialmente agrícola. Daí que nossa industrialização, relativamente recente, não deu ainda para mudar a mentalidade da população como um todo.

O título do livro de Jorge Amado Terras do Sem Fim é um documento significativo dessa mentalidade ingenuamente coletivista. Quantos séculos levou a Inglaterra, por exemplo, para enraizar na mentalidade de seu povo os direitos do cidadão? A Magna Carta é de 1215 e nunca foi abolida, mas só enriquecida com novas leis de detalhamento do texto primitivo e, até hoje, o Parlamento britânico permanece atento a qualquer violação de direito individual. Logo, para o brasileiro deixar de roubar precisa ir à escola desde cedo, aprende a ganhar o seu pão com o suor do próprio rosto e “não fazer aos outros o que não quer que lhe façam”, como já ensinava o velho Confúcio. Ora, isso vai demorar um bom tempo, mas um dia chegaremos lá: aí, então, seremos plenamente desenvolvidos. Com a derrocada do comunismo no mundo, a partir da própria ex-União Soviética, a ideia de propriedade perdeu aquele triste ranço coletivista de Proudhon para quem “a propriedade é o roubo” e partilhado ainda por muitos esquerdistas. Claro que ela não pode atender contra os direitos individuais do cidadão e tem os limites do bom senso e, por isso, a luta entre direita e esquerda não faz mais sentido hoje em matéria de posse de bens.

No Brasil, a ideia de propriedade evoluiu na razão direta do crescimento demográfico: a prova está nesse grande movimento dos sem-terra. O conceito de terra improdutiva, aliás, tem de ser reexaminado. Afinal, as florestas produzem oxigênio, indispensável à vida, logo são muito produtivas: derrubá-las é um crime contra a saúde do povo. Se continuar esse infeliz desmatamento do Brasil, seremos um dia obrigados a viver com máscaras de oxigênio. A racionalidade nem sempre tem norteado a evolução do nosso povo. O roubo da propriedade alheia no mais das vezes é perpetrado por quem não tem plena consciência do seu verdadeiro dono e, como de fato há vários Brasis, não se pode usar o mesmo padrão de posse nesse continente que é nosso país: cada macrorregião tem características próprias. Isso, é óbvio, de modo algum justifica o roubo, apenas alerta para a necessidade de se apurar qual ou quais os verdadeiros proprietários.

O respeito ao direito alheio é a base da sociedade democrática. Para construirmos o Brasil com que todos sonhamos é preciso conscientizar cada cidadão de que só terá seus direitos respeitados na medida em que respeitar os dos outros.

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